"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 18 de março de 2012

ATÉ NANICOS ESTUDAM PULAR FORA DA BASE DA DILMA

O Palácio do Planalto terá que administrar na próxima semana a ameaça de um novo foco de rebelião entre os partidos que apoiam o governo na Câmara dos Deputados. PTB e PSC estão insatisfeitos com o espaço que têm no governo, e suas bancadas se reunirão na terça-feira para avaliar a conveniência de permanecer na base de apoio à presidente Dilma Rousseff.

Os deputados do PR também vão discutir se acompanham a decisão da bancada do partido no Senado, que na semana passada anunciou que irá para a oposição.
O PTB tem 21 deputados e o PSC tem 17. Nenhum dos dois tem representante no primeiro escalão do governo, mas ambos fazem parte da coalizão que apoia Dilma.

Se romperem com o Planalto e se unirem ao PR, que tem 36 deputados, eles terão controle sobre 74 dos 513 integrantes da Câmara, o suficiente para criar embaraços e impor derrotas ao governo.
Dilma tem indicado que não está disposta a fazer concessões aos rebeldes. Na semana passada, ela substituiu os líderes que fazem a interlocução entre o Planalto e as duas casas do Congresso.
A presidente deve indicar nesta semana o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) para o Ministério do Trabalho. O PDT manteve o apoio a Dilma enquanto negociava a nomeação, em vez de fazer ameaças ao governo como os rebeldes.

A movimentação do PTB e do PSC é interpretada por interlocutores do governo como uma resposta à decisão de Dilma de manter com o PDT a pasta, que os outros dois partidos cobiçavam.
Embora não tenha nenhum ministério, o PTB controla a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e a Susep (Superintendência de Seguros Privados).
O estopim da crise entre Dilma e seus aliados foi o veto do Senado à recondução de Bernardo Figueiredo à direção da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), há duas semanas.

A rejeição fez a presidente trocar seus líderes na Câmara e no Senado, o que alimentou o clima de revolta nos partidos e expôs falhas na articulação política do governo.
São duas as preocupações mais imediatas do Planalto. A primeira é apaziguar a ala petista inconformada com a destituição de Cândido Vaccarezza (PT-SP) da liderança do governo na Câmara. São 40 dos 86 deputados do PT.
A segunda é impedir que os rebeldes ajudem a instalar CPIs com potencial para criar constrangimento para o governo, como uma que a oposição quer criar para examinar os empréstimos do BNDES a empresas privadas.
(Folha de São Paulo)

18 de março de 2012
coroneLeaks

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