Na terra de Carpeaux
VIENA – Andando por essas ruas gravadas de história e cultura, tenho saudades do velho e querido vienense, Otto Maria Carpeaux, cujos livros (“Cinzas do Purgatório”, “Historia da Literatura Ocidental”, “Historia da Musica”), me deslumbraram e ensinaram a pensar, ainda no Seminário, e depois fui encontrar, tão simples e tão genial (talvez o homem mais erudito e culto que conheci) na mesa ao lado, no “Correio da Manhã”.
O Brasil deve a Carpeaux, perseguido, desterrado e exilado pelos nazistas, na última guerra, uma biografia, um estudo, uma reedição completa. Ele me dizia, sofrendo sua gagueira: – “A Áustria, pequena e pobre, é um milagre da inteligência, da cultura e da arte”.
Aqui o gênio é produto de consumo urbano. Nas praças e monumentos, você encontra, em pedra e bronze, Mozart, Schubert, Beethoven, Haydn, Brahms, Strauss, muitos outros. Quem não nasceu aqui, viveu aqui, morreu aqui, andou por aqui, passou por aqui.
Também Marx, Freud, Einstein, os três maiores gênios do século. E os grandes filósofos das escolas alemãs e austríacas do século passado e do começo deste século, como Kant, Hegel, Heiddeger, Nietzsche.
É o Danúbio, eterno. É verdade que o Araguaia é mais azul, mas a valsa é mais azul do que os olhos do jacaré.
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AUSTRIA
Em 1889, dentro do pavilhão de caça (a praia deles) do castelo Mayerling, perto do mosteiro cisterciense da Santa Cruz (“Heilingenkreuz”), construído em 1133 por Leopoldo III, o Santo, nos românticos bosques de Viena, apareceram mortos o arquiduque Rodolfo, filho único do imperador Francisco José e da rainha Elisabeth, a “rainha Sissi”, herdeiro do trono do império Austro-Húngaro, e sua namorada, a jovem e bela baronesa Maria Vetsera.
Nunca se soube se foi assassinato ou duplo suicídio, versão que entrou para a história, O rei ficou tão infeliz que transformou o castelo em convento de freiras carmelitas, aquelas que guardam silêncio eterno.
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VIENA ROMANA
Como tudo de muito antigo aqui da Europa, também Viena é uma cidade romana. Antes de Cristo, César ocupou as terras dos Alpes Orientais até o Danúbio. Depois dele, Tibério, do tempo de Cristo, construiu um acampamento militar à beira do rio (o “Carnuntum”), logo depois cidade; “Vindomina” e “Vindobona”. O “vin” talvez venha de “vinus”, vinho).
Capital da “Panônia” 400 anos, até que os visigodos a devastaram, estão aqui, até hoje, escavados, o grande “Anfiteatro”, a “Porta dos Pagãos” e restos da cidade e do forte. Vê-se claramente o alto nível de qualidade da construção romana: banheiros, calefação, água encanada etc.
No fim do século X aparecem pela primeira vez as palavras “Ostarich” e “Vienni”, capital do ducado da Áustria em 1142. A partir de 1198 começa a crescer, graças a Leopoldo VI, o Glorioso. São construídas nas partes mais antigas do Palácio (“Hofburg”), onde se reuniam os trovadores (os “minissanger”), poetas e músicos.
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VIENA EUROPEIA
É uma longa e dura história de reis e rainhas, lutas e guerras. Em 1246, os húngaros invadem o pais e acabam com 300 anos de dinastia dos “Babenberg”. Rodolfo I, de Habsburgo, derrota o rei da Boemia, Ottokar Przemysl (também com esse nome de beija-flor!), Viena se torna residência oficial dos Habsburgos. Em 1365, Rodolfo IV funda a Universidade (“Alma Mater Rudolfina”), mais antiga dos países de língua alemã.
Em 1521, Ferdinando I instala em Viena a residência do imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Em 1683, as altas muralhas impediram a invasão dos turcos, a conquista do Mediterrâneo e a destruição do que havia de civilização ocidental.No século XVIII, com Carlos VI e Maria Tereza, o barroco revolucionou o perfil urbano e Viena virou “a gloriosa Viena”.
Napoleão invadiu e ocupou de 1805 a 1809. Em 1813, a Áustria junta-se à Baviera, Prússia e Rússia na “Quádrupla Aliança”, para derrotarem Napoleão, e Viena, de 1814 a 1815, é a capital histórica do “Congresso de Viena” com o príncipe de Metternick (citado por Euclides da Cunha na última frase de “Os Sertões” contra os crimes da humanidade).
Com Francisco José,em 1916, morre o império Habsburgo. Acabada a guerra, foi proclamada a República, em 1918. Em 19 38, Hitler anexou a Áustria à Alemanha. Em 55, Viena voltou a ser a capital da Áustria livre.
29 de março de 2012
Sebastião Nery
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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