Com base no Censo Demográfico, concluído semana passada pelo IBGE, reportagem de Fabiana Ribeiro, O Globo de 29 de abril, destaca que, de 2000 para 2010, a renda do trabalho no Brasil subiu 5,5%, o que representa um avanço aparente, se no cálculo, como o bom senso indica, estiver embutida a inflação oficial em torno de 60 pontos.
Entretanto, em matéria de números, como digo sempre, é preciso observar o contexto no qual são projetados. E, neste ponto, temos que levar em conta o fato de, na década, a população ter crescido à velocidade de 12%. De um lado os números, de outro o quadro inflacionário, no terceiro vértice o avanço populacional. A foto que acompanha a matéria é de Pablo Jacob.
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística houve um avanço social considerável. Os empregos com carteira assinada, portanto vínculo legal, que eram de 55%, no ano de 2000, em 2010 passaram a 64%. Muito bem. Mas o IBGE está configurando a mão de obra ativa brasileira na escala de 61 milhões de pessoas. Nível muito baixo. A força de trabalho não é somente esta. Se fosse, o desastre seria ainda maior, já que a população passa de 190 milhões.
A força de trabalho do país – o IBGE inclusive já divulgou – passa de 90 milhões de empregados e servidores públicos civis e militares. Dessa forma, a parcela de 29 milhões não foi pesquisada, ou então integra uma faixa informal não incluída no levantamento. É possível. Porém este aspecto necessita ser explicado mais claramente. Sobretudo porque no bloco que trata da expansão da renda (do trabalho), o próprio IBGE revela que 6,6% da mão de obra ativa não têm rendimento algum. São escravos?
Olha que pela conta do Instituto são 4 milhões de pessoas: 6,6% de 61 milhões de trabalhadores. Em seguida revela que 72% da população ocupada ganha até 2 salários mínimos. Este subtotal, claro, inclui os 6,6 que não apresentam rendimento algum. Entre 2 a 3 SM mensais, colocam-se apenas 10,6% da mão de obra ativa. E acima de 10SM, somente 2,2%. Se saltarmos para o patamar de 20SM, encontraremos a percentagem mínima de 0,9% – acrescenta o IBGE. Isso num país que é a sexta economia do mundo em matéria de PIB.
Ao mesmo tempo, o Brasil recebeu o número 76 na ordem decrescente de qualidade de vida. Metade da população (62 milhões de domicílios) não conta com rede de esgotos.
Não pode surpreender, portanto, a projeção que faço de que ficariam fora do levantamento 29 milhões de seres humanos. E, com isso, alterando-se a base, modifica-se o resultado absoluto dos números lançados sobre ela. Elementar.
O IBGE também, por exemplo, encontrou um índice inflacionário de 0,4% em fevereiro. E outro, na sequência, de 0,2 em março. Os bolsos dos que trabalham sentiram reflexos diferentes. Mas vamos aceitar o cálculo. Só que ele não vale para os reajustes dos preços, por parte das grandes empreiteiras, para a realização das obras públlicas. Tampouco para a correção das tarifas de transportes no Rio de Janeiro.
De um lado a realidade, de outro o manto diáfano da fantasia, expressão clássica do escritor Eça de Queiroz. Vamos preferir a realidade à fantasia. Sobretudo porque com fantasias não se paga as contas do mês. Tampouco acreditando que a informalidade passou de regra à exceção em dez anos.
Entretanto, em matéria de números, como digo sempre, é preciso observar o contexto no qual são projetados. E, neste ponto, temos que levar em conta o fato de, na década, a população ter crescido à velocidade de 12%. De um lado os números, de outro o quadro inflacionário, no terceiro vértice o avanço populacional. A foto que acompanha a matéria é de Pablo Jacob.
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística houve um avanço social considerável. Os empregos com carteira assinada, portanto vínculo legal, que eram de 55%, no ano de 2000, em 2010 passaram a 64%. Muito bem. Mas o IBGE está configurando a mão de obra ativa brasileira na escala de 61 milhões de pessoas. Nível muito baixo. A força de trabalho não é somente esta. Se fosse, o desastre seria ainda maior, já que a população passa de 190 milhões.
A força de trabalho do país – o IBGE inclusive já divulgou – passa de 90 milhões de empregados e servidores públicos civis e militares. Dessa forma, a parcela de 29 milhões não foi pesquisada, ou então integra uma faixa informal não incluída no levantamento. É possível. Porém este aspecto necessita ser explicado mais claramente. Sobretudo porque no bloco que trata da expansão da renda (do trabalho), o próprio IBGE revela que 6,6% da mão de obra ativa não têm rendimento algum. São escravos?
Olha que pela conta do Instituto são 4 milhões de pessoas: 6,6% de 61 milhões de trabalhadores. Em seguida revela que 72% da população ocupada ganha até 2 salários mínimos. Este subtotal, claro, inclui os 6,6 que não apresentam rendimento algum. Entre 2 a 3 SM mensais, colocam-se apenas 10,6% da mão de obra ativa. E acima de 10SM, somente 2,2%. Se saltarmos para o patamar de 20SM, encontraremos a percentagem mínima de 0,9% – acrescenta o IBGE. Isso num país que é a sexta economia do mundo em matéria de PIB.
Ao mesmo tempo, o Brasil recebeu o número 76 na ordem decrescente de qualidade de vida. Metade da população (62 milhões de domicílios) não conta com rede de esgotos.
Não pode surpreender, portanto, a projeção que faço de que ficariam fora do levantamento 29 milhões de seres humanos. E, com isso, alterando-se a base, modifica-se o resultado absoluto dos números lançados sobre ela. Elementar.
O IBGE também, por exemplo, encontrou um índice inflacionário de 0,4% em fevereiro. E outro, na sequência, de 0,2 em março. Os bolsos dos que trabalham sentiram reflexos diferentes. Mas vamos aceitar o cálculo. Só que ele não vale para os reajustes dos preços, por parte das grandes empreiteiras, para a realização das obras públlicas. Tampouco para a correção das tarifas de transportes no Rio de Janeiro.
De um lado a realidade, de outro o manto diáfano da fantasia, expressão clássica do escritor Eça de Queiroz. Vamos preferir a realidade à fantasia. Sobretudo porque com fantasias não se paga as contas do mês. Tampouco acreditando que a informalidade passou de regra à exceção em dez anos.
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