Andressa Mendonça não vai posar para a “Playboy”. Pelo menos por enquanto. Ela recusou o convite da revista: “O meu papel, neste momento, não é esse”, explicou a mulher de Carlinhos Cachoeira em entrevista a “O Globo”. Qual seria o papel de Andressa neste momento? Aparentemente, algo um pouco mais obsceno do que vender sua nudez graças à prisão do marido: rir. Quando ela disse que “o Cachoeira é uma pessoa encantadora”, a repórter Maria Lima perguntou: “Por isso encantou tanta gente?” Andressa concluiu seu streeptease moral com uma risada: “Acredito que sim”.
A musa dos caça-níqueis também riu ao dizer que não ia “dar esse gostinho” (expor sua nudez), e que deixaria “só para o Cachoeira”. A graça que Andressa vê nas coisas à sua volta traz a dimensão pornográfica que faltava ao caso do bicheiro. Não pode haver nada mais obsceno do que as risadas da Sra. Cachoeira no centro de um dos maiores escândalos políticos brasileiros. Ninguém precisa tirar a roupa.
Fora um eventual déficit cognitivo da moça, o que será que lhe inspira tamanha tranquilidade e senso de humor? Não se sabe. O que se sabe é que ela diz estar confiante no doutor Márcio Thomaz Bastos, advogado de Cachoeira e também, coincidentemente, de Lula. Depois dos indícios de que, além de privatizar o senador Demóstenes Torres, o bicheiro é dono de coisa maior – incluindo um bom pedaço do PAC –, os altos círculos da República parecem conspirar pela paz interior de Andressa.
Romântica, a emergente dama do cerrado lamenta não ter podido ver o parceiro no dia de seu aniversário. Mas conta que deixou na penitenciária um cartão onde escreveu “coisas lindas de uma mulher apaixonada”. O enredo policial não a constrange, e isso lhe dá confiança para dizer ao ser amado que tudo é “apenas uma turbulência da vida”. “Quem não passa por isso?”, questiona a loura de 28 anos, convencida da normalidade da situação. E emenda o argumento definitivo: “Quem está livre de ser preso?”
Ninguém. Qualquer pessoa de bem, que pague em dia os seus deputados e senadores, pode ter o azar de acordar um dia vendo o sol nascer quadrado. São as fatalidades da vida. Nessas horas, não adianta desespero. Melhor pensar em coisas boas, como o Supremo Tribunal Federal. Certamente é um alento para a jovem Andressa Cachoeira lembrar o bando do mensalão, que também pagava regiamente os seus parlamentares, e encontrou no STF um calmante para suas angústias.
Quando o ministro revisor avisa, sete anos depois, que não sabe se vai dar tempo de julgar os mensaleiros – e de evitar a extinção de seus crimes –, o que mais pode fazer a mulher do bicheiro preso, além de rir?
O Supremo é uma inspiração para todas essas pessoas que não estão livres de ser presas. Ponha-se no lugar de alguém que, por acidente, teve suas negociatas grampeadas e foi em cana. Imagine o alívio de olhar para a mais alta corte e ver juízes batendo boca como adolescentes, a ponto de um dizer para o outro que ele é “brega” porque “nunca curtiu (a banda) The Ink Spots”. Ou assistir aos mais altos magistrados dando gritos populistas, tipo “Viva o país afrodescendente!”, para agitar a bandeira racial dos padrinhos. Um bem-sucedido empresário da contravenção não pode levar isso a sério.
Por essas e outras, assim como sua amada, Carlinhos Cachoeira também dá risadas. “Eu contei do convite (da “Playboy”) e ele gostou, morreu de rir”. Portanto, quem achou que o bicheiro estava chateado com a fatalidade da sua prisão, agora fica sabendo que ele anda até gargalhando. Cachoeira confia nas instituições. Especialmente naquelas que o consideram uma pessoa encantadora, como explicou Andressa.
A missão da CPI é decidir quem vai rir por último. Cachoeira é homem-bomba. Se parar de rir, explode. “Eu tenho certeza de que ele não quer prejudicar ninguém”, anunciou a primeira-dama, num simpático recado à clientela: salve sua pele salvando Carlinhos – tratar com o advogado de Lula.
Andressa Cachoeira planeja o casamento para breve, quando seu príncipe sair do xadrez. Cada povo tem o conto de fadas que merece. Ou os brasileiros saem às ruas para incendiar a CPI e explodir o homem-bomba, ou serão todos súditos da rainha risonha do bicho.
08 de junho de 2012
guilherme fiuza - Época
A musa dos caça-níqueis também riu ao dizer que não ia “dar esse gostinho” (expor sua nudez), e que deixaria “só para o Cachoeira”. A graça que Andressa vê nas coisas à sua volta traz a dimensão pornográfica que faltava ao caso do bicheiro. Não pode haver nada mais obsceno do que as risadas da Sra. Cachoeira no centro de um dos maiores escândalos políticos brasileiros. Ninguém precisa tirar a roupa.
Fora um eventual déficit cognitivo da moça, o que será que lhe inspira tamanha tranquilidade e senso de humor? Não se sabe. O que se sabe é que ela diz estar confiante no doutor Márcio Thomaz Bastos, advogado de Cachoeira e também, coincidentemente, de Lula. Depois dos indícios de que, além de privatizar o senador Demóstenes Torres, o bicheiro é dono de coisa maior – incluindo um bom pedaço do PAC –, os altos círculos da República parecem conspirar pela paz interior de Andressa.
Romântica, a emergente dama do cerrado lamenta não ter podido ver o parceiro no dia de seu aniversário. Mas conta que deixou na penitenciária um cartão onde escreveu “coisas lindas de uma mulher apaixonada”. O enredo policial não a constrange, e isso lhe dá confiança para dizer ao ser amado que tudo é “apenas uma turbulência da vida”. “Quem não passa por isso?”, questiona a loura de 28 anos, convencida da normalidade da situação. E emenda o argumento definitivo: “Quem está livre de ser preso?”
Ninguém. Qualquer pessoa de bem, que pague em dia os seus deputados e senadores, pode ter o azar de acordar um dia vendo o sol nascer quadrado. São as fatalidades da vida. Nessas horas, não adianta desespero. Melhor pensar em coisas boas, como o Supremo Tribunal Federal. Certamente é um alento para a jovem Andressa Cachoeira lembrar o bando do mensalão, que também pagava regiamente os seus parlamentares, e encontrou no STF um calmante para suas angústias.
Quando o ministro revisor avisa, sete anos depois, que não sabe se vai dar tempo de julgar os mensaleiros – e de evitar a extinção de seus crimes –, o que mais pode fazer a mulher do bicheiro preso, além de rir?
O Supremo é uma inspiração para todas essas pessoas que não estão livres de ser presas. Ponha-se no lugar de alguém que, por acidente, teve suas negociatas grampeadas e foi em cana. Imagine o alívio de olhar para a mais alta corte e ver juízes batendo boca como adolescentes, a ponto de um dizer para o outro que ele é “brega” porque “nunca curtiu (a banda) The Ink Spots”. Ou assistir aos mais altos magistrados dando gritos populistas, tipo “Viva o país afrodescendente!”, para agitar a bandeira racial dos padrinhos. Um bem-sucedido empresário da contravenção não pode levar isso a sério.
Por essas e outras, assim como sua amada, Carlinhos Cachoeira também dá risadas. “Eu contei do convite (da “Playboy”) e ele gostou, morreu de rir”. Portanto, quem achou que o bicheiro estava chateado com a fatalidade da sua prisão, agora fica sabendo que ele anda até gargalhando. Cachoeira confia nas instituições. Especialmente naquelas que o consideram uma pessoa encantadora, como explicou Andressa.
A missão da CPI é decidir quem vai rir por último. Cachoeira é homem-bomba. Se parar de rir, explode. “Eu tenho certeza de que ele não quer prejudicar ninguém”, anunciou a primeira-dama, num simpático recado à clientela: salve sua pele salvando Carlinhos – tratar com o advogado de Lula.
Andressa Cachoeira planeja o casamento para breve, quando seu príncipe sair do xadrez. Cada povo tem o conto de fadas que merece. Ou os brasileiros saem às ruas para incendiar a CPI e explodir o homem-bomba, ou serão todos súditos da rainha risonha do bicho.
08 de junho de 2012
guilherme fiuza - Época
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