Material
didático da UNE: cerveja, vinho, cachaça, uísque e vodca, búzios(?), velas,
celular, freezer e tanquinho
08 de junho de 2012
Deu no Globo
Investigação do Ministério Público aponta indícios de
irregularidades graves em convênios do governo federal com a União Nacional dos
Estudantes (UNE) e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) de São
Paulo. Entre 2006 e 2010, essas entidades receberam cerca de R$ 12 milhões dos
cofres públicos destinados à capacitação de estudantes e promoção de eventos
culturais e esportivos. No caso da UNE, o procurador do Ministério Público junto
ao Tribunal de Contas da União (TCU) Marinus Marsico identificou o uso de notas
fiscais frias para comprovar gastos. E detectou que parte dos recursos liberados
pelo governo federal foi usada na compra de bebidas alcoólicas e outras despesas
sem vínculo aparente com o objeto conveniado.
Ao analisar as prestações de contas do convênio do
Ministério da Cultura com a UNE para apoio ao projeto Atividades de Cultura e
Arte da UNE, o procurador Marsico constatou gastos com a compra de cerveja,
vinho, cachaça, uísque e vodca, compra de búzios, velas, celular, freezer,
ventilador e tanquinho, pagamento de faturas de energia elétrica, dedetização da
sede da entidade, limpeza de cisterna e impressão do jornal da UNE. Além disso,
encontrou diversas notas emitidas por bares em que há apenas a expressão
“despesas” na descrição do gasto.
No fim de maio, o procurador formalizou representação
ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que a Corte investigue o uso dos
recursos federais repassados à UNE e à UMES, entre 2006 e 2010. O alvo da
representação são 11 convênios, seis da UNE e cinco da UMES, celebrados com os
seguintes ministérios: Cultura, Saúde, Esporte e Turismo. O valor total desses
convênios é de R$ 8 milhões, destinados a projetos variados que vão desde a
capacitação de estudantes de ensino médio até a realização de duas edições da
Bienal de Artes, Ciência e Cultura da UNE. Marsico deu destaque a sete convênios
— seis da UNE e um da UMES — no valor de R$ 6,5 milhões, que, segundo ele,
concentram os “principais achados”.
As notas fiscais frias foram localizadas na prestação
de contas que a UNE entregou ao Ministério da Saúde, referente ao convênio de
número 623789, de R$ 2,8 milhões, encerrado em 2009. Esse convênio bancou a
Caravana Estudantil da Saúde, em que universitários percorreram as 27 unidades
da Federação para discutir saúde pública, com a oferta de testes rápidos de HIV
e conscientização sobre a importância de doar
sangue.
Marsico informa na representação que quatro notas da
empresa WK Produções Cinematográficas Ltda. são “inidôneas”, com base em
informações da Secretaria Municipal de Finanças de São Paulo, que não reconheceu
a autenticidade dos documentos. Há suspeita de que outras oito notas emitidas
por diferentes empresas também não sejam válidas, o que estaria sob apuração da
secretaria municipal, de acordo com o procurador. Ele menciona ainda o caso de
uma nota fiscal de R$ 91.500, da gráfica e editora Salum&Proença, de Jandira
(SP), que teria sido cancelada pela empresa, embora os serviços constem na
prestação de contas da UNE.
Outro indício de irregularidade apontado pelo
procurador nesse mesmo convênio é a elevação dos gastos previstos com assessoria
jurídica de R$ 20 mil para R$ 200 mil, sem justificativa nos autos. Marsico
aponta ainda duplicidade de pagamentos, imprecisão do objeto do convênio e a
transferência dos recursos da conta oficial para contas bancárias dos produtores
da caravana.
Para Marsico, os dados sugerem “possíveis atentados
aos princípios da moralidade, da legalidade, da legitimidade e da economicidade,
além de evidenciarem possíveis danos ao Erário Público”, segundo destacou na
representação ao TCU.
— É lamentável, especialmente pela história de lutas
dessas entidades. Elas teriam que ser as primeiras a dar o exemplo à sociedade
de zelo no uso do dinheiro público — afirmou o
procurador.
Ele chama a atenção para a demora do Ministério do
Esporte em cobrar a prestação de contas da UNE no convênio de número 702422, de
2008, no valor de R$ 250 mil. A pasta comandada pelo PCdoB, mesmo partido que
controla a UNE, fomentou a “implantação de atividades esportivas e debates” na
6ª Bienal de Artes, Ciência e Cultura. “Quase dois anos após o fim do prazo para
a prestação de contas, os documentos ainda não haviam sido encaminhados”,
observou Marsico na representação ao TCU, registrando que, “somente após receber
o ofício enviado pelo MP/TCU, o órgão (Ministério do Esporte) notificou a UNE
sobre a omissão”.
— Há erro dos dois lados. De quem recebeu os recursos
e dos órgãos que liberaram. Se não fosse eu requerer, em alguns casos não
haveria sequer a prestação de contas — disse o procurador do
MP.
No caso dos convênios com a UMES, o procurador
destacou o que trata do auxílio ao Projeto Cine Clube UMES da Saúde, concluído
em março de 2010, no valor de R$ 234, 8 mil. De acordo com Marciso, as quantias
previstas no plano de trabalho eram as mesmas posteriormente contratadas. “Como
era possível saber o valor exato das propostas vencedoras nas licitações?”,
questionou. Ele observou também a falta da relação de escolas beneficiadas e de
cópias dos processos licitatórios ou justificativas para a dispensa de
licitação.
“Algumas das impropriedades apuradas, como a
utilização de recursos públicos para a compra de bebidas alcoólicas, são de
extrema gravidade e parecem-nos capazes de justificar a atuação dessa Corte de
Contas”, disse Marsico na representação.
Procurada pelo GLOBO para se manifestar sobre as
irregularidades, a UNE respondeu, em nota da assessoria de imprensa, que
“reafirma seu compromisso de zelo com os recursos públicos e, se comprovado
qualquer tipo de irregularidade, compromete-se a saná-las de acordo com o que a
lei determina, inclusive, se for o caso, com a devolução de
recursos”.
A entidade disse na nota que participa das políticas
de financiamento público a atividades culturais, esportivas e educacionais desde
1999, sempre cumprindo todas as exigências técnicas de seus convênios. “Parte
das nossas prestações de contas já está aprovada, sendo que algumas se encontram
ainda em análise pelos órgãos responsáveis”, informa. E reafirma o seu
compromisso com o Erário, “honrando seus 75 anos de
vida”.
O GLOBO também procurou a direção da UMES na tarde de
quarta-feira com o mesmo objetivo, mas a entidade não se
manifestou.
Otimo blog!!!
ResponderExcluirVoce deveria divulgar mais ele nas midias sociais como facebook, twiter e assim vai.
Veja bem, a crise no Egito comecou pelo Facebook. Nos brasileiros temos de aprender a usufruir o poder que essas midias tem e usar isto para a melhoria de nosso pais.
Paises de primeiro mundo, politicos sao presos e ate mesmo condenados a morte. A good criminal, is a DEAD criminal.