Que beleza, a “democracia interna” do PT, não?
Já comentei aqui a tratoragem que sofreram a realização de prévias entre filiados do partido para escolher o candidato a prefeito da maior cidade do Brasil, São Paulo, e, em consequência, a participação, nelas, da senadora Marta Suplicy – que durante muito tempo liderou as pesquisas de intenção de voto.
Quem dirigiu o trator que passou por cima dos princípios “democráticos” do PT e de Marta foi ninguém menos do que o supremo Deus do lulalato, em pessoa. Ele decidiu, à revelia do Diretório Municipal, acima de tudo e de todos, que o candidato deveria ser seu ex-ministro da Educação Fernando Haddad – e pronto.
Tudo mundo bateu continência e engoliu em seco.
Agora, chegou a vez de o PT tratorar outras prévias e outras candidaturas bem situadas em outra grande cidade brasileira, o Recife. Ali, a Comissão Executiva Nacional do partido decidiu intervir no diretório municipal para impor – a palavra é precisamente esta — a candidatura do senador Humberto Costa a prefeito.
Como um bom e velho Politburo do Partido Comunista da extinta União Soviética, a Executiva do PT baixou, em nota oficial, uma espécie de AI-5 em que tomou quatro decisões:
1. Confirmar a anulação da prévia realizada no dia 20 de maio, vencida pelo atual prefeito, o petista João da Costa, por pouco menos de 600 votos. A anulação, decidida igualmente pela Executiva Nacional dias depois da votação, se deu porque os candidatos teriam “desrespeitado normas”. Remarcou-se a prévia para 3 de julho.
2. Cancelar a novas prévia de 3 de julho.
3. Estabelecer que os dois postulantes à prévia – o prefeito e o secretário de Governo, deputado licenciado Maurício Rands – não poderiam mais disputar coisa alguma.
4. E que, de cima para baixo, ficava decidido que o senador Humberto Costa seria (como vai ser) o candidato.
O problema é, de novo, o chefão do lulalato. O governador Eduardo Campos (PSB) não queria o prefeito candidato à reeleição. E deixou claro que ou o PT escolhia alguém mais ou seu partido não apoiaria o candidato de Lula à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.
Veio, então o “dedaço” de cima, apontando para o senador Humberto Costa.
Costa, ex-secretário no governo de Eduardo Campos, já foi vereador, deputado estadual, deputado federal e ministro da Saúde (2003-2005). Elegeu-se bem senador em 2010, mas não foi bom de voto nas duas vezes em que disputou o governo de Pernambuco.
Da primeira vez, em 2002, massacrou-o o então governador Jarbas Vasconcelos, que teve 60% dos votos, contra 34% de Costa. Da segunda vez, em 2006, ele não chegou nem ao segundo turno, disputado pelo atual governador contra o então governador Mendonça Filho (DEM), ex-vice de Jarbas.
Agora, a “democracia interna” do PT lhe entregou de bandeja a disputa da capital do Estado.
07 de junho de 2012
Veja Online
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