"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 7 de junho de 2012

O SILÊNCIO ESTRONDOSO DOS ACUSADOS

Lula não fala, Dirceu não fala, Demóstenes não fala, Cachoeira não fala. É a conspiração do silêncio.

Muito interessante o raciocínio de Marcelo Mafra, em artigo aqui na Tribuna sobre a estratégia de Lula ao procurar os ministros do Supremo junto com os “padrinhos” deles, que os indicaram para o tribunal.

Mafra observou que o próprio ministro Ayres Brito confirmou que Lula lhe dissera recentemente que gostaria de se reunir com ele e seu “padrinho” de indicação para o STF, o jurista Celso Antonio Bandeira de Mello, para tomarem um vinho.

Destacou também que o “padrinho” da indicação de Gilmar Mendes para o Supremo, quando Fernando Henrique Cardoso era presidente, foi exatamente o ex-ministro Nelson Jobim, que armou o encontro de Mendes com Lula em seu escritório. E salientou que também na conversa apareceu também a iniciativa de se usar o “padrinho” da indicação da ministra Carmen Lúcia, que foi o ex-ministro Sepúlveda Pertence.

Assim, Marcelo Mafra trouxe a público a estratégia de Lula de uma forma tão precisa e insofismável, que nem cabem desmentidos. Por isso, o ex-presidente continua calado, não dá uma palavra sobre o assunto. Chega a ser constrangedor.

Da mesma forma, o ex-ministro José Dirceu também começa a usar a estratégia do silêncio. Depois de passar anos e anos alardeando que queria pressa do Supremo e seu interesse seria de provar sua inocência o mais rapidamente possível (recordar é viver), repentinamente, tudo mudou.

Perguntado se tinha conhecimento da conversa entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes, na qual, segundo a revista “Veja”, Lula tentou pressionar o ministro para adiar o julgamento do mensalão, Dirceu afirmou que estava proibido por seu advogado de dar qualquer declaração.

“Não vou falar do meu processo e nem do julgamento (referindo-se ao mensalão) porque foi a ordem que recebi dos meus advogados”, declarou Dirceu, ao participar da mesa de debates do 14º Congresso Estadual da CUT, (Central Única dos Trabalhadores). Ele mesmo disse que o mensalão era o assunto que todos estavam esperando, mas repetiu que não falaria nada sobre o julgamento.
Lula não fala, José Dirceu não fala, Demóstenes Torres não fala, Carlinhos Cachoeira não fala. Será que os ”padrinhos” deles falariam?

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