As eleições de 2012 são testes importantes para a chamada era Lula. O
ex-presidente, depois de conseguir eleger Dilma Rousseff em 2010, passou a se
dedicar quase que exclusivamente à montagem de um quebra-cabeça: um conjunto de
articulações políticas que seja capaz de conduzir o PT ao maior número de
prefeituras e, ao mesmo tempo, que permita aos partidos aliados permanecerem ao
lado da presidente na disputa ao Planalto em 2014.
O ex-presidente começou a tarefa por São Paulo. A ideia era criar um candidato petista forte para enfrentar o PSDB, legenda que será adversária de Dilma em 2014. A cidade é o berço do PSDB e, até hoje, é dela que saem os candidatos tucanos à Presidência.
Pelo menos esse era o quadro quando Lula colocou Fernando Haddad na condição de pré-candidato à prefeitura paulistana. Depois, o cenário mudou – o ex-governador José Serra decidiu concorrer.
Na análise de alguns, o PSDB decidiu endurecer a disputa em São Paulo para evitar que, ganhando a prefeitura, o PT possa alcançar 2014 em uma situação privilegiada.
De certa forma, a decisão também permite ao senador mineiro Aécio Neves conquistar a condição de candidato a presidente pelo PSDB. Em resumo, a eleição em São Paulo se transformou na primeira prévia de 2014.
Enquanto as articulações se davam na capital paulista, Lula se aproximava do PSB, do governador Eduardo Campos, para alinhavar candidaturas entre as duas siglas no Nordeste. O PSB foi o partido que mais cresceu desde 2010. Assim, manter os socialistas ao lado de Dilma em 2014 seria fundamental para as pretensões de Lula. A negociação parecia caminhar bem, mas desandou.
Particularidades de Fortaleza e Recife impediram que o alinhavo se transformasse em costura. Apesar disso, o PSB continua afirmando que é parceiro de Dilma. Ele é um parceiro nacional que namora como a oposição do PT. É aqui que Belo Horizonte se encaixa.
O rompimento entre o PSB e o PT na capital mineira foi uma surpresa para Lula e Dilma. A leitura que os petistas fizeram da separação foi imediata: o PSB está se aproximando do PSDB, de Aécio.
Nos bastidores, a informação é que Lula teria admitido que concentrou forças em São Paulo e se descuidou de Belo Horizonte. Ele acreditava que a situação na capital mineira estava sob controle. A surpresa valeu uma repreensão ao ministro Fernando Pimentel, que seria o encarregado de conduzir o processo sucessório em que PT e PSDB apoiavam o PSB.
Passado o susto, BH passou a ser prioritária na eleição de outubro. O ex-ministro Patrus Ananias foi convocado para ser o candidato. O PMDB ganhou a condição de aliado fundamental.
Lula teria dito aos caciques do PT mineiro que o mais difícil, ele conseguiu fazer: reunificar a base e colocar um candidato forte na disputa. Agora, o ex-presidente estaria cobrando a vitória com o seguinte discurso: “desconstruam o que vocês mesmos construíram”.
Carla Kreefft (Jornal O Tempo)
28 de julho de 2012
O ex-presidente começou a tarefa por São Paulo. A ideia era criar um candidato petista forte para enfrentar o PSDB, legenda que será adversária de Dilma em 2014. A cidade é o berço do PSDB e, até hoje, é dela que saem os candidatos tucanos à Presidência.
Pelo menos esse era o quadro quando Lula colocou Fernando Haddad na condição de pré-candidato à prefeitura paulistana. Depois, o cenário mudou – o ex-governador José Serra decidiu concorrer.
Na análise de alguns, o PSDB decidiu endurecer a disputa em São Paulo para evitar que, ganhando a prefeitura, o PT possa alcançar 2014 em uma situação privilegiada.
De certa forma, a decisão também permite ao senador mineiro Aécio Neves conquistar a condição de candidato a presidente pelo PSDB. Em resumo, a eleição em São Paulo se transformou na primeira prévia de 2014.
Enquanto as articulações se davam na capital paulista, Lula se aproximava do PSB, do governador Eduardo Campos, para alinhavar candidaturas entre as duas siglas no Nordeste. O PSB foi o partido que mais cresceu desde 2010. Assim, manter os socialistas ao lado de Dilma em 2014 seria fundamental para as pretensões de Lula. A negociação parecia caminhar bem, mas desandou.
Particularidades de Fortaleza e Recife impediram que o alinhavo se transformasse em costura. Apesar disso, o PSB continua afirmando que é parceiro de Dilma. Ele é um parceiro nacional que namora como a oposição do PT. É aqui que Belo Horizonte se encaixa.
O rompimento entre o PSB e o PT na capital mineira foi uma surpresa para Lula e Dilma. A leitura que os petistas fizeram da separação foi imediata: o PSB está se aproximando do PSDB, de Aécio.
Nos bastidores, a informação é que Lula teria admitido que concentrou forças em São Paulo e se descuidou de Belo Horizonte. Ele acreditava que a situação na capital mineira estava sob controle. A surpresa valeu uma repreensão ao ministro Fernando Pimentel, que seria o encarregado de conduzir o processo sucessório em que PT e PSDB apoiavam o PSB.
Passado o susto, BH passou a ser prioritária na eleição de outubro. O ex-ministro Patrus Ananias foi convocado para ser o candidato. O PMDB ganhou a condição de aliado fundamental.
Lula teria dito aos caciques do PT mineiro que o mais difícil, ele conseguiu fazer: reunificar a base e colocar um candidato forte na disputa. Agora, o ex-presidente estaria cobrando a vitória com o seguinte discurso: “desconstruam o que vocês mesmos construíram”.
Carla Kreefft (Jornal O Tempo)
28 de julho de 2012
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