"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 25 de agosto de 2012

CONFIRA O PLANO DO REPUBLICANO PAUL RYAN, VICE DE MITT ROMNEY

 

Continuando a minha série sobre Paul Ryan (o deputado escolhido para vice na chapa do candidato republicano à presidência Mitt Romney), examinemos o orçamento que ele propõe (ao contrário de vagas promessas) em sua primeira década.

Em primeiro lugar, há um conjunto de reduções de impostos para o grupo de alta renda e para empresas. De acordo com o Tax Policy Center, o custo destes cortes, em relação à atual política adotada, seria de US$ 4,3 trilhões.

Em segundo lugar, ele propõe cortes de gastos. Destes, aproximadamente US$ 800 bilhões de redução serão obtidos com a conversão do Medicaid num sistema denominado “block grant” (em que cada Estado recebe uma subvenção única e ficará encarregado de decidir quem está qualificado para receber os benefícios e como dividir o financiamento recebido), uma subvenção que deve crescer apenas com a população e a inflação em geral; um grande corte comparado com as projeções que levam em conta os custos crescentes da saúde e o aumento da população idosa (uma vez que os idosos e os deficientes contribuem para a despesa maior do Medicaid).

Outros US$ 130 bilhões de economia viriam de algo similar no caso do vale-alimentação. Depois há uma miscelânea de itens: fundos para financiamento da universidade para estudantes pobres e para formação profissional. Seja generoso e chame tudo isto cortes específicos, no montante de US$ 1 trilhão.

Além disto, adicionemos US$ 700 bilhões de cortes no Medicare que Ryan denuncia no Obamacare, mas incorpora no seu próprio plano.
Portanto, se observamos as reais propostas, seriam estas:
Corte de despesas: US$ 1,7 trilhão
Cortes de impostos: US$ 4,3 trilhões.

Este é um plano que aumentaria o déficit em mais de US$ 2,6 trilhões.

Como então, Paul Ryan se autodenomina o falcão fiscal? Ao afirmar que manterá seus cortes de impostos de um modo que a receita fica inalterada, ampliando a base, que ele não quer explicar como, e que fará novos grandes cortes de despesas, que também se recusa a especificar.
E isso é considerado pelos políticos em Washington como ideias sérias e uma firme resolução de reduzir o déficit…

25 de agosto de 2012
Paul Krugman

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