Por diferentes razões, PT e PSDB mudaram a avaliação que tinham semanas atrás e passaram a defender a prorrogação dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, cujo término está previsto para 4 de novembro.
Para os petistas, o adiamento pode reforçar os danos à imagem do PSDB que a comissão conseguiu impor até agora, mas que teve a intensidade diminuída com o deslocamento do noticiário para o julgamento do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), onde quem tem a imagem atingida são os petistas.
Nesse sentido, a extensão dos trabalhos coincidiria com o fim do julgamento, podendo levar a uma reviravolta no noticiário.
"A CPI, do ponto de vista político, cumpriu seu papel ao fazer sangrar o PSDB. Com o fim do julgamento no STF, o que vai sobrar é a CPI. Para o PT, prorrogar é continuar sangrando o PSDB", afirmou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP).
O próprio relator da CPI, que defendia o fim dos trabalhos na data inicial prevista, também levanta a possibilidade da prorrogação. "Essa ideia agora é mais real.
A tendência hoje é essa", afirmou.
São duas as suas justificativas:
muito material ainda a ser analisado
e o calendário eleitoral, que deve baixar o quórum no Congresso em setembro.
"Mas só vou ter condições de saber disso em outubro", disse.
Ele defende, porém, que mesmo com a eventual ampliação do prazo de investigação, o foco continue sendo levantar as autoridades que receberam recursos do esquema de Carlinhos Cachoeira, e não contratos nacionais da Delta - principal motivo, até agora, do receio petista em ampliar a CPI.
Os tucanos discordam. Avaliam que os petistas desde o início manobraram politicamente a CPI, ora para atacar os envolvidos no julgamento do mensalão, como o procurador-geral da República, Roberto Gurgel; ora para atacar políticos de destaque do partido, principalmente o governador de Goiás, Marconi Perillo.
O depoimento amanhã de Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da estatal paulista Dersa, segue essa linha. A missão petista, para a oposição, é obter imagens e informações para constranger o candidato a prefeito de São Paulo, José Serra.
Integrantes do partido acham que o PSDB "já apanhou o que tinha para apanhar", que "alguma forma de entendimento poderia ter sido feito no início da CPI" e o importante agora é prorrogá-la para avançar no esquema da Delta e atingir a presidente Dilma Rousseff, gestora do PAC no governo Luiz Inácio Lula da Silva."Devemos prorrogar, sob pena de ter de abrir uma outra CPI só para investigar a Delta", afirma o vice-líder do PSDB, Domingos Sávio (MG).
Caio Junqueira | De Brasília Valor Econômico
28 de agosto de 2012
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