Os organizadores estimam 7 mil pessoas, hoje, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, protestando contra a política de reforma agrária da presidente Dilma. Pode ser um pouco menos, mas o MST e a Contag costumam ser eficientes em suas manifestações. Ainda que sem relação de causa e efeito, engrossarão o coro dos grevistas que há dias promovem passeatas contra o governo pela Esplanada dos Ministérios. Nenhuma relação parecem ter com o julgamento do mensalão, ali do lado, mas…
Mas o clima ficará explosivo se algum sem-terra gritar “absolvam José Dirceu!” no meio da multidão. Essas coisas costumam pegar como o sarampo pegava em décadas anteriores.
É da democracia o povo sair para as ruas, mesmo dividido em categorias.
Só que não deixa de ser estranho assistir tanta movimentação inusitada como neste mês de agosto, ironicamente quando a presidente da República atinge patamares de popularidade rarissimamente registrados antes.
Um sociólogo e um cientista político se arriscariam a explicar aquilo que para a maioria dos cidadãos parece inexplicável. Qual a razão desses protestos quando a opinião pública nacional afirma confiança e julga a administração federal ótima ou boa? Como repetimos de vez em quando, tem azeitona nessa empada.
Não dá para supor que tudo acontece por estarmos sendo governados por uma mulher. O machismo caiu de moda faz tempo. Também fica difícil aceitar o raciocínio de estarem as massas e a classe média sendo mais penalizadas do que de costume. Imaginar influência das manchas solares ou das fases da lua parece ridículo nos tempos atuais.
Por que diabo, então, esse surto de exigências salariais e sociais ? Não erra quem supuser uma orquestração. Paranóias à parte, conspira-se contra o governo de Dilma Rousseff. Em termos políticos, jamais as oposições.
Quem sabe os aliados, aqueles que imaginaram tomar o governo de assalto e estabelecer um condomínio no poder? Com o PT à frente e o PMDB também reclamando por mais ministérios e diretorias de empresas estatais, aí estão penduricalhos como o PR, o PP, o PSB, o PTB, o PDT e outros.
Boa parte de seus líderes reagem por terem sido alijados no primeiro ano do atual governo. Mobilizam, assim, centrais sindicais e sucedâneos para deixar o palácio do Planalto na defensiva. Quem sabe conseguirão realizar o objetivo oculto? Ameaçam com 2014, ou seja, de não apoiar a reeleição da presidente. Lançam até, sem a concordância do próprio, o movimento “volta, Lula”.
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FESTIVAL DE BOBAGENS
Começou ontem e vai até 4 de outubro mais um festival de bobagens. Com as exceções de sempre, candidatos a prefeito e a vereador agredirão nossa paciência duas vezes por dia no rádio e outras tantas na televisão, pela propaganda eleitoral obrigatória. Houve tempo em que esse tipo de programação abriu as portas para a queda da ditadura.
Dezesseis candidatos a senador pelo MDB elegeram-se nos então vinte estados existentes, na única eleição majoritária que restou no plano federal. Pregavam a volta à democracia.
A surpresa obrigou os detentores do poder a baixar mais medidas de exceção, como a lei Falcão, que permitia apenas a exposição de fotografias dos candidatos, e o senador biônico, não votado mas indicado pelo partido do governo.
O mundo andou para a frente, restabeleceu-se a normalidade democrática e a propaganda eleitoral. Só que não havia mais ditadura para criticar. Os candidatos entraram nos vídeos e ocuparam os microfones prometendo o que jamais poderiam realizar: até milagres.
Outra vez, com as exceções de sempre. O resultado foi, em especial nas eleições de prefeito e vereador, um suceder de fantasias apresentadas por nulidades. Sem esquecer os vigaristas. É mais ou menos o que começou ontem, com as devidas desculpas…
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