"A ideia de repasse de recursos de um partido para
outros é ilógica"
A tese usada pela defesa de réus do mensalão de que o
crime cometido pelo núcleo político do esquema foi o de caixa 2 para pagar
dívidas de campanhas eleitorais se consolida como ilógica e
insustentável.
A opinião é de cientistas políticos ouvidos ontem pelo
GLOBO. Para eles, há provas suficientes de que o PT usou o mensalão para comprar
apoio político.
O cientista político da Universidade de São Paulo (USP)
José Álvaro Moisés disse que a tese adotada pelo PT e pela defesa de réus de
outras siglas acusadas de envolvimento no esquema perdeu a
lógica.
- A ideia de repasse de recursos de um partido para
outros é ilógica. Na democracia, os partidos competem entre si. Assim, você
fortaleceria o adversário e isso não existe no jogo político. Não acho que há
mais o que a ser discutido sobre esse tema - afirmou.
Os partidos acusados de receberem dinheiro do
valerioduto, segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República, são PL, PP,
PMDB, PTB, além do PT. Com exceção do PL, as outras três legendas apoiaram
candidatos que foram adversários do PT na eleição de Lula em 2002, como
aconteceu com o PP, que apoiou o candidato do PSDB, José Serra, conforme mostrou
a jornalista Míriam Leitão em sua coluna de ontem.
- Por que o PT pagaria dívida de campanha de quem
apoiou seu concorrente na eleição? É uma ideia esdrúxula - acrescentou
Moisés.
Na segunda-feira passada, o relator do processo no
Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, assegurou que há farto
material para atestar que o PT usou o valerioduto para cooptar aliados ao
governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Barbosa listou pagamentos de
propina e cruzou-os com datas de votações na Câmara.
20 de setembro de 2012
camuflados
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