O segundo debate pela presidência dos Estados Unidos, entre Barack Obama e Mitt Romney ocorreu ontem e, é natural, pesquisas estão sendo divulgadas sobre o desempenho de ambos e o reflexo na opinião pública.
Tudo bem. Mas a questão, em termos de voto, não pode ser analisada de modo global, como no Brasil, por exemplo. Aqui todos os estados possuem o mesmo peso, nos Estados Unidos nãoé assim. Não cogitamos diferenciar os votos paulistas (maior base eleitoral) dos demais.
Nos Estados Unidos, são 50 colégios eleitorais, cada qual com peso específico, de acordo com a população. O candidato a presidente que vence num estado arrebata todo o seu peso algébrico. Califórnia, Nova York, junto com Nova Jersey, Texas, Flórida, Michigan, Pensilvânia, Ohio, Illinois e Massachussets são os de maior densidade.
No sistema americano existe a possibilidade de um candidato possuir maior penetração popular e, apesar disso, ser derrotado na soma dos votos colegiados.
Esta hipótese não é provável, mas é possível. Lá, o voto não é obrigatório. Se nenhum candidato obtiver a maioria em matéria de colégios eleitorais, o Congresso decide entre os dois primeiros. Em 240 anos de independência, essa solução só aconteceu uma vez. Em1968, quase ocorreu a segunda, quando Richard Nixon derrotou Hubert Humphrey.
É que na ocasião, o governador do Alabama, George Wallace, venceu em quatro estados. O pleito foi decidido em Illinois, onde Nixon surpreendeu, já que este é um estado tradicionalmente Democrata. Caso contrário, o desfecho iria para o Parlamento.
Vejam só. Wallace teve 10% da votação e quase impede a maioria absoluta. Em 92, na eleição em que Bill Clinton venceu Bush pai, o bilionário texano Ross Perot concorreu pelo Partido Independente, alcançou 20% dos sufrágios, porém não foi o mais votado em nenhum estado.
Por isso, as pesquisas eleitorais norteamericanas necessitam ser analisadas com muita atenção para que não criem confusão capaz de desfocar sua interpretação e o respectivo comentário.
É fato que um terço é basicamente democrata, um terço republicano, mas um terço oscila entre os candidatos. Em 64, Lyndon Johnson derrotou Goldwater por dois terços a um. Vitória democrata. Em 72, Nixon, republicano, bateu McGovern por dois terços a um, a mesma diferença como se constata. Isso de um lado.
De outro, os debates nem sempre convencem na direção da vitória. John Kerr saiu vitorioso, como as pesquisas revelaram, sobre George Bush Filho. Entretanto, nas urnas o então presidente se reelegeu.
Kerr venceu na Califórnia e Nova York, maiores colégios. Maiores individualmente, mas que não forneceram, no conjunto, a maioria que assegurou a permanência de Bush na Casa Branca. Não estou afirmando que o fenômeno vá se repetir em novembro. Apenas admitindo a hipótese.
Que é rara, porém não impossível. Porque, além da base de votos de cada um, influi muito o desempenho pessoal e o apoio ou não à política colocada em prática àquele que busca o segundo mandato. No caso Barack Obama. Vamos observar o debate, seus reflexos e desdobramentos no rumo das urnas.
17 de outubro de 2012
Pedro do Coutto
Tudo bem. Mas a questão, em termos de voto, não pode ser analisada de modo global, como no Brasil, por exemplo. Aqui todos os estados possuem o mesmo peso, nos Estados Unidos nãoé assim. Não cogitamos diferenciar os votos paulistas (maior base eleitoral) dos demais.
Nos Estados Unidos, são 50 colégios eleitorais, cada qual com peso específico, de acordo com a população. O candidato a presidente que vence num estado arrebata todo o seu peso algébrico. Califórnia, Nova York, junto com Nova Jersey, Texas, Flórida, Michigan, Pensilvânia, Ohio, Illinois e Massachussets são os de maior densidade.
No sistema americano existe a possibilidade de um candidato possuir maior penetração popular e, apesar disso, ser derrotado na soma dos votos colegiados.
Esta hipótese não é provável, mas é possível. Lá, o voto não é obrigatório. Se nenhum candidato obtiver a maioria em matéria de colégios eleitorais, o Congresso decide entre os dois primeiros. Em 240 anos de independência, essa solução só aconteceu uma vez. Em1968, quase ocorreu a segunda, quando Richard Nixon derrotou Hubert Humphrey.
É que na ocasião, o governador do Alabama, George Wallace, venceu em quatro estados. O pleito foi decidido em Illinois, onde Nixon surpreendeu, já que este é um estado tradicionalmente Democrata. Caso contrário, o desfecho iria para o Parlamento.
Vejam só. Wallace teve 10% da votação e quase impede a maioria absoluta. Em 92, na eleição em que Bill Clinton venceu Bush pai, o bilionário texano Ross Perot concorreu pelo Partido Independente, alcançou 20% dos sufrágios, porém não foi o mais votado em nenhum estado.
Por isso, as pesquisas eleitorais norteamericanas necessitam ser analisadas com muita atenção para que não criem confusão capaz de desfocar sua interpretação e o respectivo comentário.
É fato que um terço é basicamente democrata, um terço republicano, mas um terço oscila entre os candidatos. Em 64, Lyndon Johnson derrotou Goldwater por dois terços a um. Vitória democrata. Em 72, Nixon, republicano, bateu McGovern por dois terços a um, a mesma diferença como se constata. Isso de um lado.
De outro, os debates nem sempre convencem na direção da vitória. John Kerr saiu vitorioso, como as pesquisas revelaram, sobre George Bush Filho. Entretanto, nas urnas o então presidente se reelegeu.
Kerr venceu na Califórnia e Nova York, maiores colégios. Maiores individualmente, mas que não forneceram, no conjunto, a maioria que assegurou a permanência de Bush na Casa Branca. Não estou afirmando que o fenômeno vá se repetir em novembro. Apenas admitindo a hipótese.
Que é rara, porém não impossível. Porque, além da base de votos de cada um, influi muito o desempenho pessoal e o apoio ou não à política colocada em prática àquele que busca o segundo mandato. No caso Barack Obama. Vamos observar o debate, seus reflexos e desdobramentos no rumo das urnas.
17 de outubro de 2012
Pedro do Coutto
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