"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 25 de julho de 2013

PROTESTOS PODE TER EFEITO DURADOURO NA ECONOMIA - DIZ ITAÚ UNIBANCO

Segundo relatório do Itaú Unibanco, manifestações acentuam incerteza e inibem investimento. Dados econômicos recentes apontam para risco de desaceleração forte da atividade, dizem especialistas


As manifestações sociais perderam fôlego, mas poderão ter efeito negativo prolongado sobre a economia.
 
Relatório divulgado ontem pelo Itaú Unibanco afirma que os protestos, somados ao cenário externo menos favorável ao Brasil, terão "consequências econômicas além do plano imediato".
 
Segundo Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco, as manifestações contribuíram para a desaceleração da economia no terceiro trimestre ao derrubar as vendas de lojas, fechadas por segurança, e ao interromper o fluxo de matérias-primas.
 
"Mas, além desses efeitos pontuais, a tendência é que o impacto negativo se prolongue pelo segundo semestre."
 
Economistas constatam ainda uma onda de pessimismo devido à recente leva de indicadores negativos. Mesmo com sinais de descompressão, a inflação está acima do limite de tolerância do próprio governo. Soma-se a produção industrial menor em maio e o mercado de trabalho mais fraco em junho.
 
A preocupação é que esse clima reforce a sensação de insegurança econômica, o que tende a prejudicar investimentos e consumo.
 
A FGV já detectou uma queda da confiança de industriais e consumidores em julho para os níveis mais baixos desde 2009, quando a economia encolheu 0,3%.
 
Embora a situação econômica de hoje seja melhor do que a registrada há quatro anos, esse pessimismo generalizado preocupa analistas.
 
"A quebra acentuada dos indicadores de confiança de consumidores e empresários pressagia desaceleração da atividade que pode ser significativa", diz Alberto Ramos, diretor do Goldman Sachs.
 
Segundo Ramos, há riscos para a atividade no segundo semestre de 2013 e em 2014.
 
O Itaú Unibanco analisa se reduzirá a previsão de crescimento para 2013, atualmente em 2,3%. Segundo Bicalho, os indicadores recentes apontam para estagnação da atividade no terceiro trimestre.
 
"Pode prevalecer um ambiente de incerteza com efeito perverso sobre as decisões de investimento", afirma.
 
O banco afirma que a revogação dos reajustes das tarifas de transporte pode afetar os investimentos em serviços públicos.
 
Ressalta, no entanto, que, se o governo responder aos protestos com medidas para aumentar a eficiência do setor, entre outras reformas, a perspectiva de crescimento no médio prazo pode melhorar.

25 de julho de 2013
 ÉRICA FRAGA, MARIANA CARNEIRO e CLARA ROMAN - FOLHA DE SÃO PAULO

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