Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes - disse com a voz embargada e as mão trêmulas
O ex-presidente do PT, José Genoíno, anunciou nesta quarta-feira sua demissão do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa. Genoíno, condenado nesta terça-feira no julgamento do mensalão, leu para a imprensa a carta que apresentará em instantes na reunião do diretório nacional do PT, em São Paulo.
- Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes - disse Genoíno, com a voz embargada e as mão muito trêmulas.
Na carta, Genoíno diz que está indignado.
- Uma injustiça monumental foi cometida. A Corte errou. A Corte foi sobretudo injusta. Condenou um inocente. Condenou-me sem provas – disse o petista, para complementar em seguida:
- Sem provas para me condenar, basearam-se nas circunstâncias de antigo presidente do PT. Isso é o suficiente. É o suficiente para fazerem tábula rasa de toda uma vida dedicada com grande sacrifício pessoal à causa da democracia e a um projeto político que vem libertando o Brasil da desigualdade e da injustiça.
No texto lido para a imprensa, Genoíno disse que pouco “importa” se não houve compra de votos. E chamou de tirania da “hipótese pré-estabelecida” as teses que o condenaram:
- Este julgamento ocorre em meio a uma diuturna e sistemática campanha de ódio contra o meu partido e contra um projeto que incomoda setores reacionários, incrustados em parcelas dos meios de comunicação, do sistema de justiça e das forças que nunca aceitaram a nossa vitória – disse.
O ex-presidente do PT disse que a condenação é a “criminalização da política”:
- Como esperar um julgamento sereno no momento em que os juízes são pautados por comentaristas políticos.
Depois de ler seu discurso, o petista foi ovacionado pelos correligionários presentes que o saudaram com o canto de “Genoíno guerreiro do povo brasileiro”.
A reunião do diretório nacional do PT deve se transformar em ato de apoio a Genoino e a José Dirceu. O ex-ministro é esperado pelos petistas e deve inclusive fazer um pronunciamento durante a reunião.
Já estão presentes o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o senador Humberto Costa, derrotada nas eleições municipais do Recife, o ex-prefeito da capital pernambucana João da Costa, e o ex-governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT.
10 de outubro de 2012
O Globo
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