Obama atrás de Romney: 44% a 47%. Duas coisas muito ruins se juntaram para
dar vantagem a um candidato fanfarrão como Romney: o desempenho de Obama no
primeiro debate e o primeiro mandato de Obama.
Os Estados Unidos estão diante de uma situação singular: a Casa Branca é disputada por dois homens que merecem perder.
Obama foi um fiasco presidencial. No âmbito doméstico, pegou um país em crise econômica e não conseguiu sequer reduzi-la. No âmbito externo, a ilusão de que os Estados Unidos lidariam de uma outra maneira com os países árabes foi destruída pela realidade em pouco tempo. Uma pesquisa recente mostrou que para a maior parte da população árabe a relação com os americanos piorou com Obama.
Um presidente perder um segundo mandato é coisa rara nos Estados Unidos, mas Obama parece que vai conseguir. Se ele tivesse feito alguma coisa pela chamada voz rouca das ruas, a situação seria outra. Mas não fez. Quem chamou a atenção para a monstruosa iniquidade social dos Estados Unidos não foi Obama, mas o bilionário Warren Buffett, no conhecido artigo em que reclamou por pagar proporcionalmente menos impostos que sua secretária.
Para Obama caberia agora uma emenda em relação a seu grande slogan da campanha passada (yes, we can): “Não, não posso.”
E então temos Romney, com o esplendor de seu botox e dos cabelos pintados, um canastrão na linha de Ronald Reagan. Como Buffett, ele paga uma taxa amiga de impostos. Mas, ao contrário dele, não se sente minimamente incomodado. Repete as platitudes habituais em louvor da livre iniciativa, promete recolocar os Estados Unidos na condição de grande campeão do mundo livre, aspas, e vai se aproximando da Casa Branca.
Quando você olha para os dois, entende por que o economista Thomas Naylor, antigo professor da consagrada Universidade Duke, defende tenazmente a transformação do estado em que vive, Vermonte, numa pequena república independente de Washington. “O império está nu”, diz Naylor.
Quem acredita que os dois contendores podem vesti-lo acredita em tudo.
13 de outubro de 2012
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
Os Estados Unidos estão diante de uma situação singular: a Casa Branca é disputada por dois homens que merecem perder.
Obama foi um fiasco presidencial. No âmbito doméstico, pegou um país em crise econômica e não conseguiu sequer reduzi-la. No âmbito externo, a ilusão de que os Estados Unidos lidariam de uma outra maneira com os países árabes foi destruída pela realidade em pouco tempo. Uma pesquisa recente mostrou que para a maior parte da população árabe a relação com os americanos piorou com Obama.
Um presidente perder um segundo mandato é coisa rara nos Estados Unidos, mas Obama parece que vai conseguir. Se ele tivesse feito alguma coisa pela chamada voz rouca das ruas, a situação seria outra. Mas não fez. Quem chamou a atenção para a monstruosa iniquidade social dos Estados Unidos não foi Obama, mas o bilionário Warren Buffett, no conhecido artigo em que reclamou por pagar proporcionalmente menos impostos que sua secretária.
Para Obama caberia agora uma emenda em relação a seu grande slogan da campanha passada (yes, we can): “Não, não posso.”
E então temos Romney, com o esplendor de seu botox e dos cabelos pintados, um canastrão na linha de Ronald Reagan. Como Buffett, ele paga uma taxa amiga de impostos. Mas, ao contrário dele, não se sente minimamente incomodado. Repete as platitudes habituais em louvor da livre iniciativa, promete recolocar os Estados Unidos na condição de grande campeão do mundo livre, aspas, e vai se aproximando da Casa Branca.
Quando você olha para os dois, entende por que o economista Thomas Naylor, antigo professor da consagrada Universidade Duke, defende tenazmente a transformação do estado em que vive, Vermonte, numa pequena república independente de Washington. “O império está nu”, diz Naylor.
Quem acredita que os dois contendores podem vesti-lo acredita em tudo.
13 de outubro de 2012
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
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