O Datafolha, em matéria publicada pela Folha de São Paulo, apontou uma frente de 10 pontos (47 a 37) para Fernando Haddad sobre José Serra. Na sexta-feira, o Ibope confirmou plenamente a tendência, assinalando 48 a 37%, conforme revelou Leonardo Guandeline, na edição de O Globo. Os números coincidem portanto e, a meu ver, consolidam um desfecho provável nas urnas de 28 de outubro.
“Me livrei dessa…”
Os índices ressaltam que o julgamento do Supremo Tribunal Federal condenando os principais líderes do PT envolvidos no mensalão não se reflete na disputa eleitoral na cidade de São Paulo, principal cidade do país onde vai se realizar o segundo turno do confronto municipal. Claro. A liderança do ex-presidente Lula segue inconteste. Não foi atingida pelo envolvimento de José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Marcos Valério, para citar apenas as figuras do elenco principal.
A opinião pública, seja de que forma for, não vinculou a forte imagem do ex-presidente da República na sequência de episódios protagonizados por José Dirceu, na chefia da Casa Civil, primeira fase de seu governo.
Para os lulistas, Lula, Dilma e o PT como um todo não precisavam comprar votos no Congresso para assegurar maioria parlamentar. O governo e o PT obteriam essa maioria, tranquilamente, sem necessidade de qualquer excesso de cooptação.
A participação das legendas coligadas no executivo já seria suficiente. De fato, esta opinião, baseada na realidade, já preencheria um campo de observação lógico de todo um estranho processo.
O PT não comprometeu, também por seu turno, sua legenda. Tanto assim que, sem empenho mais profundo de Lula, disparou logo no início do segundo turno paulista, recebendo de imediato o apoio do PMDB, em ato comandado pelo vice-presidente da República, Michel Temer.
Com isso, o PMDB ampliou sua participação na luta eleitoral, alinhando-se firmemente com a presidente Dilma Rousseff. Sintonia absoluta com o Palácio do Planalto.
O PMDB aproveitou bem a oportunidade. Cresce, assim, e distancia-se do PSDB, abrindo campo para a campanha de Dilma à reeleição. Mas este é outro assunto.
O essencial revelado tanto pelo Datafolha quanto pelo Ibope é que a opinião pública deixou evidente condenar os mensaleiros e o mensalão, mas sem separar o ex-presidente da República de qualquer dose de culpa. Sob este ângulo de análise, Lula foi traído na confiança que depositou em Dirceu. A trama fracassada fica na conta do ex-chefe da Casa Civil, não se divide com o governo Lula.
Lula sai do julgamento do STF absolutamente não atingido. Sua figura política continua prestigiada.
Não foi culpado de nada. A culpa é dos outros. É sob esta ótica que serão disputados os segundos turnos municipais. E provavelmente as eleições de 2014 para os governos estaduais e o Congresso em 2014, além do segundo mandato de Dilma Rousseff para presidência do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário