"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 10 de novembro de 2012

ALCKMIN PERDEU A CHANCE DE SUGERIR A DILMA E AO MINISTRO CARDOZO QUE TENTEM REDUZIR A TAXA DE CRIMINALIDADE NO PRIMEIRO ESCALÃO

 

A uma velocidade de 70 piscadas por minuto ─ quem não está mentindo se mantém na média de 10 a 15 ─, o ex-jornalista Rui Falcão liberou a população de São Paulo para circular pelas ruas sem sobressaltos e dormir em paz. Como a presidente da República e o ministro da Justiça celebraram uma parceria com o governador em apuros, avisou o dirigente do PT, a onda de violência que assusta os paulistanos há algumas semanas está com os dias contados.

O PCC só andou matando policiais e a PM andou matando bandidos ─ além de civis inocentes, registrou o campeão mundial de piscadas por minuto ─ porque os xerifes tucanos demoraram demais para chamar o delegado federal.
Na discurseira, Falcão ensinou que se o Palácio dos Bandeirantes abrigasse não Geraldo Alckmin, mas um militante do PT, o companheiro no poder pediria socorro a Dilma Rousseff assim que ouvisse um disparo. A chefe acionaria por telefone José Eduardo Cardozo, que entraria imediatamente em ação para deixar claro que com o PT ninguém pode.

Se lembrasse que foi eleito pela oposição, Alckmin poderia desmontar com três ou quatro constatações o palavrório cafajeste. Para começo de conversa, ressalvaria que o PCC talvez fosse desbancado do ranking das maiores organizações criminosas se a lista incluísse quadrilhas com representação no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.
Depois, recomendaria à presidente que cuidasse de vigiar as fronteiras, suprir as carências da Polícia Federal e reduzir a criminalidade no primeiro escalão.

Em menos de dois anos de governo, deveria sublinhar o alvo de Rui Falcão, Dilma foi obrigada a livrar-se de sete ministros envolvidos em assaltos a cofres públicos. Caso esteja efetivamente interessada em combater a bandidagem, a presidente deve antecipar-se a denúncias da imprensa e demitir mais quatro prontuários ainda infiltrados na equipe ministerial.
E não custa nada aconselhar o padrinho a parar de aparecer em fotografias confraternizando com delinquentes procurados pela Interpol.

Se fosse oposicionista, enfim, o governador tucano recordaria que, a cada quatro anos, o PT não lança candidatos ao governo paulista; lança ameaças. Em 2002, por exemplo, ao vencer José Genoino, Alckmin impediu que São Paulo caísse nas mãos de um mensaleiro condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha. Repetiu o bom trabalho consumado por Mário Covas em 1994, quando impediu que José Dirceu fizesse no Palácio dos Bandeirantes o que fez na Casa Civil.

A lista de candidatos de alta periculosidade mistura condenados à cadeia e condenados ao naufrágio administrativo. Nessa segunda categoria o destaque é Aloizio Mercadante, que colocou os paulistas em perigo nas eleições de 2006 e 2010. Segundo o PT, Alckmin não controla o PCC nem a polícia. Pelo menos tem tentado. Caso Mercadante fosse o vitorioso, o gabinete do governador estaria provavelmente deserto. Antes que terminasse o primeiro tiroteio, o Herói da Rendição teria batido em retirada.

10 de novembro de 2012
Augusto Nunes

Nenhum comentário:

Postar um comentário