Nenhum instrumento de limpeza é tão gentil com detritos morais quanto a vassoura de Dilma Rousseff. É o que informam as anotações na folha corrida da faxineira de araque, resumidas no post republicado na seção Vale Reprise.
A ministra de Lula conviveu sem quaisquer vestígios de desconforto com o lixo acumulado pelo chefe supremo desde o dia da posse. Promovida a chefe da Casa Civil em 2005, fez o que pôde para piorar o que já estava péssimo.
Com o dossiê forjado contra Fernando Henrique e Ruth Cardoso, Dilma produziu mais lixo. Com a conversa em que tentou induzir Lina Vieira a indultar a Famiglia Sarney, escondeu lixo.
E ampliou extraordinariamente a imensidão de lixo ao transformar em sucessora a melhor amiga Erenice Guerra. Apesar do prontuário, não ficou ruborizada ao comunicar à nação, no discurso de posse, que combateria “permanentemente” a corrupção ─ logo rebatizada de “malfeitos”.
Jamais combateu, berram os episódios que resultaram no afastamento de oito ministros metidos em maracutaias de bom tamanho. Nem pretende combater, grita o silêncio da presidente sobre o escândalo da hora. A mudez malandra confirma que a chefe de governo resolveu reprisar o filme exibido ha dois anos em situações semelhantes.
Nesse monumento ao cinismo, os vilões nunca são localizados pelos serviços de inteligência ou órgãos de controle do governo. Só entram em cena depois de tropeçarem em investigações da Polícia Federal ou denúncias divulgadas pela imprensa.
Confrontada com provas contundentes, ainda assim Dilma tenta manter no emprego os meliantes. Por enquanto, só teve êxito com Fernando Pimentel. Para não perder a companhia do amigo instalado no Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Dilma afastou os integrantes do Conselho de Ética da Presidência que acreditaram que estavam lá para agir eticamente, e insistiram em enquadrar o afilhado fora-da-lei.
Os outros continuariam longe da planície se a faxineira que odeia vassoura conseguisse resistir às verdades noticiadas pela imprensa e à indignação da opinião pública. Perderam o emprego na última cena, mas escaparam do final infeliz.
Até hoje, nenhum gatuno foi demitido nem teve de devolver o produto do roubo. Todos foram ‘exonerados a pedido’ e poupados de investigações posteriores. Em liberdade e com tempo de sobra, gastam o dinheiro que tungaram.
Foi assim com o bando de ministros corruptos. E assim será ─ sobretudo se a oposição oficial não voltar das férias e se o país que presta capitular ─ com os quadrilheiros que transformaram em covil o escritório da Presidência em São Paulo, reduziram agências reguladoras a fábricas de pareceres criminosos, colecionaram negociatas bilionárias e reiteraram que a máquina administrativa federal está infestada de assaltantes de cofres públicos.
A mudez da presidente confirma que, para Dilma, o caso está encerrado. Se o Brasil não perdeu a vergonha de vez, vai descobrir que está apenas começando. E será obrigada a comentar publicamente o show obsceno protagonizado por gente que conhece muito bem.
“A Dilma tem mais intimidade com a minha equipe do que eu”, repetiu Lula ao longo da campanha eleitoral de 2010. “Ela vive se reunindo com pessoas que eu só vejo de vez em quando”.
Lula, ressalve-se, via Rosemary Noronha com muito mais frequência que a sucessora. Mas Dilma não tem o direito de fazer de conta que mal sabe quem é a mulher com quem conviveu durante as viagens ao exterior ─ e manteve na chefia do gabinete em São Paulo a pedido do padrinho.
A extinção do cargo atesta que a presidente o julgava sem serventia. E em mãos indevidas: Dilma sempre soube que Rose subira na vida agarrada a Lula. Deveria saber que a chefe de gabinete usava o posto de primeira amante para lucrar nas catacumbas do poder.
Se disser que não sabia de nada, Dilma confirmará que o Brasil é governado por um poste. Se admitir que sabia, estará confessando que foi cúmplice por omissão de uma poderosa vigarista.
04 de dezembro de 2012
Augusto Nunes
A ministra de Lula conviveu sem quaisquer vestígios de desconforto com o lixo acumulado pelo chefe supremo desde o dia da posse. Promovida a chefe da Casa Civil em 2005, fez o que pôde para piorar o que já estava péssimo.
Com o dossiê forjado contra Fernando Henrique e Ruth Cardoso, Dilma produziu mais lixo. Com a conversa em que tentou induzir Lina Vieira a indultar a Famiglia Sarney, escondeu lixo.
E ampliou extraordinariamente a imensidão de lixo ao transformar em sucessora a melhor amiga Erenice Guerra. Apesar do prontuário, não ficou ruborizada ao comunicar à nação, no discurso de posse, que combateria “permanentemente” a corrupção ─ logo rebatizada de “malfeitos”.
Jamais combateu, berram os episódios que resultaram no afastamento de oito ministros metidos em maracutaias de bom tamanho. Nem pretende combater, grita o silêncio da presidente sobre o escândalo da hora. A mudez malandra confirma que a chefe de governo resolveu reprisar o filme exibido ha dois anos em situações semelhantes.
Nesse monumento ao cinismo, os vilões nunca são localizados pelos serviços de inteligência ou órgãos de controle do governo. Só entram em cena depois de tropeçarem em investigações da Polícia Federal ou denúncias divulgadas pela imprensa.
Confrontada com provas contundentes, ainda assim Dilma tenta manter no emprego os meliantes. Por enquanto, só teve êxito com Fernando Pimentel. Para não perder a companhia do amigo instalado no Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Dilma afastou os integrantes do Conselho de Ética da Presidência que acreditaram que estavam lá para agir eticamente, e insistiram em enquadrar o afilhado fora-da-lei.
Os outros continuariam longe da planície se a faxineira que odeia vassoura conseguisse resistir às verdades noticiadas pela imprensa e à indignação da opinião pública. Perderam o emprego na última cena, mas escaparam do final infeliz.
Até hoje, nenhum gatuno foi demitido nem teve de devolver o produto do roubo. Todos foram ‘exonerados a pedido’ e poupados de investigações posteriores. Em liberdade e com tempo de sobra, gastam o dinheiro que tungaram.
Foi assim com o bando de ministros corruptos. E assim será ─ sobretudo se a oposição oficial não voltar das férias e se o país que presta capitular ─ com os quadrilheiros que transformaram em covil o escritório da Presidência em São Paulo, reduziram agências reguladoras a fábricas de pareceres criminosos, colecionaram negociatas bilionárias e reiteraram que a máquina administrativa federal está infestada de assaltantes de cofres públicos.
A mudez da presidente confirma que, para Dilma, o caso está encerrado. Se o Brasil não perdeu a vergonha de vez, vai descobrir que está apenas começando. E será obrigada a comentar publicamente o show obsceno protagonizado por gente que conhece muito bem.
“A Dilma tem mais intimidade com a minha equipe do que eu”, repetiu Lula ao longo da campanha eleitoral de 2010. “Ela vive se reunindo com pessoas que eu só vejo de vez em quando”.
Lula, ressalve-se, via Rosemary Noronha com muito mais frequência que a sucessora. Mas Dilma não tem o direito de fazer de conta que mal sabe quem é a mulher com quem conviveu durante as viagens ao exterior ─ e manteve na chefia do gabinete em São Paulo a pedido do padrinho.
A extinção do cargo atesta que a presidente o julgava sem serventia. E em mãos indevidas: Dilma sempre soube que Rose subira na vida agarrada a Lula. Deveria saber que a chefe de gabinete usava o posto de primeira amante para lucrar nas catacumbas do poder.
Se disser que não sabia de nada, Dilma confirmará que o Brasil é governado por um poste. Se admitir que sabia, estará confessando que foi cúmplice por omissão de uma poderosa vigarista.
04 de dezembro de 2012
Augusto Nunes
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