Artigos - Terrorismo
Humberto De la Calle asseverou que o governo não será refém de um processo. Entretanto, os fatos ocorridos até hoje em torno desse processo demonstram que o governo é sim refém, mas do Plano Estratégico das FARC.
A recente carta enviada à Cruz Vermelha Internacional pelo “Estado-Maior das FARC”, com uma aparente mudança de aceitação ao Direito Internacional Humanitário, com a intenção de incorporar com caráter institucional a proposta de diálogo permanente do governo com os terroristas, é um embuste similar ao audaz estratagema de Tirofijo no Caguán, quando propôs uma lei de permuta permanente de militares e policiais seqüestrados por terroristas presos.
Como é usual na Colômbia quando se trata de assuntos da maior importância para a vida nacional, esta notícia foi obscurecida pela semi-final da Copa Sul-Americana de futebol, a gravidez de Shakira, a possibilidade do Globo de Ouro para Falcao García, pela crônica anunciada da re-eleição do procurador, etc.
Não obstante a leviandade da análise político-estratégica habitual do superficial jornalismo crioulo, o fato merece revisão, avaliação e ações concretas do Estado colombiano para ir ao encalço de mais um ardil do Plano Estratégico das FARC, enfocado em conseguir o objetivo fundamental do grupo terrorista neste novo “processo de paz”: ganhar reconhecimento político, nacional e internacional.
Na ordem prática da tática política e da metodologia “fariana”, que o citado documento seja publicado com a autoria do Estado-Maior das FARC, indica permanente presença em Havana de cabeças de frente e “ajudantes do Secretariado”, pois as FARC funcionam a partir de decisões coletivas, aprovadas pelo Secretariado com aval das Frentes. Nada se faz ao acaso nem sem consenso. Um documento destas condições implica preparação coletiva durante várias semanas.
Isto demonstra que quando Iván Márquez leu a mentirosa instrução às suas Frentes para deter as ações terroristas, o grupo que argumentou haver atacado a infra-estrutura elétrica de Antioquia por desconhecer a decisão também mentiu, porque para publicar esse comunicado, Márquez e os demais cabeças que estão em Havana haviam dado ciência a todas as suas estruturas quando publicariam a falsa notícia.
No âmbito político-publicitário, planejado com rigorosa meticulosidade para ocupar mais espaço midiático que o governo colombiano, à carta dirigida pelas FARC à Cruz Vermelha somam-se a defasada idéia de pedir Simón Trinidad na mesa de conversações em Havana, a intervenção da terrorista holandesa, a assistência das concubinas de Cano e Tirofijo, a presença do cego Santrich, a publicação diária de um comunicado com alguma trapaça incluída e a bajuladora oferta diária do insuperável desejo das FARC para alcançar a paz.
Por sua parte, o negociadores do governo Santos se deixaram impor a agenda e dirigir os tempos, pois nem sequer tiveram a elementar malícia de impedir que as conversações iniciassem no mesmo dia em que a Corte de Haya emitiria a suspeita sentença contra a Colômbia, em que pese saber que a contraparte era um governo comunista cúmplice das FARC, além de carecer de uma estratégia concreta para vislumbrar a possibilidade de obrigar as FARC a que cumpram com o pactuado na agenda, em relação a que só se publicariam comunicados conjuntos.
Finalmente, em seu afã re-eleicionista o governo Santos e sua equipe negociadora escolhida a dedo e na última hora, não intuíram que Cuba e Venezuela não são mediadores do processo de paz, senão sócios das FARC e instigadores do narcoterrorismo comunista contra a Colômbia.
Que a carta à Cruz Vermelha tenha sido assinada pelo “Estado-Maior”, e que na entrevista com a revista Semana Enrique Santos tenha reconhecido que Timochenko entra e sai de Cuba quando quer, infere-se que Iván Márquez e os outros 28 terroristas com transitória suspensão da ordem de captura, amiúde reúnem-se em diferentes locais de Cuba com traficantes de armas, narcotraficantes, lavadores de dinheiro e terroristas de todos os tipos provenientes do Velho Continente, ou com outros integrantes das FARC que amiúde viajam a Havana desde Caracas, Quito, Rio de Janeiro e La Paz.
Após a sentença adversa à Colômbia emitida pela Corte de Haya, manter conversações com as FARC é assunto supremo de sobrevivência política para o presidente Santos. Conhecidas suas atuações anteriores e seu desmedido afã re-eleicionista, é provável que cometa erros de cálculo iguais ou piores do que os que conduziram à perda de quase 100.000 quilômetros quadrados, em que pese a evidente intenção político-estratégica das FARC.
O certo é que a proposta do “Estado-Maior” das FARC de converter as conversações em um dever constitucional permanente terá um rechaço inicial, mas a falta de concentração no ponto medular de cada assunto característico da direção colombiana, em um país cujo estabelecimento carece de estratégias a longo prazo, poderia reverter até ceder às intenções dos terroristas, como já sucedeu com a agenda, a presença de Tanja, os comunicados unilaterais dos terroristas, dizer que acredita que eles não são narcotraficantes, ou se prestar para o show e a farsa da libertação dos chineses no Caquetá por supostos “civis”.
Uma vez mais as FARC reafirmam com fatos que chegaram à mesa de conversações com idéias concretas, montagens audaciosas e um programa metodológico de atividades político-propagandísticas, atadas às linhas estruturais do Plano Estratégico das FARC.
Reiteramos: Humberto De la Calle asseverou que o governo não será refém de um processo. Entretanto, os fatos ocorridos até hoje em torno desse processo demonstram que o governo é sim refém, mas do Plano Estratégico das FARC. Passo a passo as FARC constroem o reconhecimento internacional frente à atitude passiva do governo nacional.
04 de dezembro de 2012
Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido
Tradução: Graça Salgueiro
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