"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

"PUXADINHOS"

 
O mais surpreendente no café da manhã de ontem da presidente Dilma Rousseff com jornalistas, conforme relatos na internet, foi a superficialidade nas falas sobre o "pibinho" de 1% neste ano e nas respostas à avalanche de críticas à incapacidade do governo de impulsionar a economia.

O máximo que Dilma disse foi que o "ambiente" será melhor em 2013 e que está fazendo "o possível e o impossível" para um maior crescimento. Soou como palavras ao vento, talvez como torcida,não como compromisso e, menos ainda, como prestação de contas sobre o que foi e o que poderia ter sido feito.

Segundo Dilma, em 2012 a prioridade foi "buscar competitividade".Citou queda dos juros, taxa de câmbio mais realista e investimentos pesados em infraestrutura.

Especialistas como o economista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega veem com outros olhos. No artigo "2013, o ano da volta ao passado", ele criticou duramente o intervencionismo: "A taxa de juros baixou na marra, o regime cambial deixou de ser flutuante, o cumprimento da meta de superavit primário passou a depender de malabarismos financeiros e artifícios contábeis".

A sensação, neste final de ano, é que Dilma e o ministro Guido Mantega tentaram consertar a casa com puxadinhos. Ora a redução do IPI para carros, ora a desoneração da folha de pagamento, ora o aumento de crédito de bancos públicos.

Tudo bem, tudo bom, mas o resultado é que os EUA estão saindo da crise, a China se mantém forte, os emergentes emergem de fato e o Brasil empacou em 1% (ou menos).

Para Maílson da Nóbrega, o erro é de estratégia: o foco da política econômica é a demanda/consumo, quando o problema está na produção/oferta. O investimento só cai.

Aliás, não pega bem para uma especialista em energia atribuir tão variados apagões só a "falhas humanas". Se as há, começam de cima...

28 de dezembro de 2012
Eliane Cantanhêde

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