O mais surpreendente no café da manhã de ontem da presidente Dilma Rousseff com jornalistas, conforme relatos na internet, foi a superficialidade nas falas sobre o "pibinho" de 1% neste ano e nas respostas à avalanche de críticas à incapacidade do governo de impulsionar a economia.
O máximo que Dilma disse foi que o "ambiente" será melhor em 2013 e que está fazendo "o possível e o impossível" para um maior crescimento. Soou como palavras ao vento, talvez como torcida,não como compromisso e, menos ainda, como prestação de contas sobre o que foi e o que poderia ter sido feito.
Segundo Dilma, em 2012 a prioridade foi "buscar competitividade".Citou queda dos juros, taxa de câmbio mais realista e investimentos pesados em infraestrutura.
Especialistas como o economista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega veem com outros olhos. No artigo "2013, o ano da volta ao passado", ele criticou duramente o intervencionismo: "A taxa de juros baixou na marra, o regime cambial deixou de ser flutuante, o cumprimento da meta de superavit primário passou a depender de malabarismos financeiros e artifícios contábeis".
A sensação, neste final de ano, é que Dilma e o ministro Guido Mantega tentaram consertar a casa com puxadinhos. Ora a redução do IPI para carros, ora a desoneração da folha de pagamento, ora o aumento de crédito de bancos públicos.
Tudo bem, tudo bom, mas o resultado é que os EUA estão saindo da crise, a China se mantém forte, os emergentes emergem de fato e o Brasil empacou em 1% (ou menos).
Para Maílson da Nóbrega, o erro é de estratégia: o foco da política econômica é a demanda/consumo, quando o problema está na produção/oferta. O investimento só cai.
Aliás, não pega bem para uma especialista em energia atribuir tão variados apagões só a "falhas humanas". Se as há, começam de cima...
28 de dezembro de 2012
Eliane Cantanhêde
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