"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O CAPITALISTA INCONFORMADO

 

Nick Hanauer, americano de Seattle, é um capitalista. Ele coloca dinheiro em empreendimentos nos quais acredita, e tem se dado bem. Venture capitalist, como se diz em inglês. Hanauer foi o primeiro investidor, fora da família Bezos, a comprar ações da Amazon. Ele não tem problemas em se definir como um “super-rico”.


Hanauer diz a verdade

Hanauer poderia estar quieto em seu canto, desfrutando de sua fortuna. Mas não está. A desigualdade que se alastrou pelos Estados Unidos nos últimos trinta anos, e da qual ele foi beneficiário, acabou por incomodá-lo a ponto de torná-lo um ativista social.

A essência de seu pensamento pode ser vista neste depoimento de cinco minutos que ele concedeu ao TED, uma organização que promove discussões com a finalidade de tornar o mundo melhor.

Hanauer tem um argumento que é fortíssimo. Se fosse verdade que baixando os impostos dos ricos toda a sociedade se beneficiaria com a criação de novos postos de trabalho, os Estados Unidos estariam “afogados em empregos”. E não, como acontece, em meio a uma dramática crise econômica em que o desemprego é alarmante.

Uma tese de Hanauer merece debate entre economistas. Segundo ele, quem cria emprego, na verdade, é a “classe média consumidora”, ao comprar produtos – e não empreendedores, que pouco mais fariam além, na visão de Hanauer, além de identificar os anseios do público.

28 de dezembro de 2012
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

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