No começo
da manhã de 13 de julho de 2005, uma quarta-feira que mudaria a história
política do Brasil, uma equipe da Polícia Federal invadiu o prédio de número 380
na Avenida João Azeredo, em Belo Horizonte. Funcionava ali o arquivo do Banco
Rural; começava naquele momento o dia mais difícil da carreira daqueles sete
delegados e agentes.
Pesava sobre eles a responsabilidade de encontrar e
apreender os documentos que comprovariam o recém-descoberto esquema do mensalão.
Com papéis, havia mensalão. Sem papéis, havia somente as palavras iracundas de
Roberto Jefferson – o deputado do PTB que confessara como o governo do PT
comprara os partidos da base aliada no Congresso.
Uma semana antes, enquanto a reputação de deputados e ministros estilhaçava-se a cada ária de Jefferson, delegados da PF haviam encontrado em Brasília a testemunha mais importante – e desconhecida – do caso: José Francisco de Almeida Rego, ex-tesoureiro da notória agência do Banco Rural na Capital Federal.
Uma semana antes, enquanto a reputação de deputados e ministros estilhaçava-se a cada ária de Jefferson, delegados da PF haviam encontrado em Brasília a testemunha mais importante – e desconhecida – do caso: José Francisco de Almeida Rego, ex-tesoureiro da notória agência do Banco Rural na Capital Federal.
Segundo Jefferson, era nessa agência que deputados e assessores buscavam o
dinheiro do mensalão – algo que todos os envolvidos, àquela altura, negavam.
Pressionado, Rego contou que a agência funcionava como uma espécie de sucursal
financeira em Brasília do publicitário Marcos Valério, onde se distribuía
dinheiro vivo à larga por ordens dele.
Ordens que chegavam por fax ou e-mail,
enviados da sede do Banco Rural em Belo Horizonte, onde se controlavam as contas
de Valério. Como tudo era feito na camaradagem, e o dinheiro entregue não
deixava vestígios, a prova do mensalão estava no arquivo central do Banco Rural.
Lá, acreditava-se, constariam os pedidos de saque com os nomes dos
beneficiários. Eram esses papéis que os policiais buscavam naquele
dia.
“Só
saímos daqui com esses documentos”, disseram os delegados assim que chegaram ao
arquivo do Rural e entregaram a ordem judicial de busca e apreensão aos
funcionários do banco. Prosseguiu-se entre eles o corre-corre que só o desespero
provoca.
Enquanto os delegados aguardavam a papelada, outras equipes da PF
faziam batidas na agência do Rural em Brasília e na sede do banco, em Belo
Horizonte (o arquivo do Rural fica noutro endereço).
Os policiais tinham
esperança de encontrar provas semelhantes nos dois locais. As más notícias,
porém, viajavam rapidamente entre os rádios da PF. Câmbio: nada na agência do
Rural em Brasília – apenas dez recibos de pagamento, mas sem nomes.
Câmbio: nada
na sede do Rural em Belo Horizonte. Os documentos, ao que tudo indicava, haviam
sido destruídos.
No arquivo do Rural, as horas transcorriam lentamente. Dez da
manhã. Meio-dia. Duas da tarde. Quatro da tarde – e nada. Os sete policiais
acossaram os funcionários e repetiram o ultimato: todo mundo só deixaria o
prédio quando os papéis aparecessem. Súbito, apareceram.
30 de dezembro de 2012
in aluizio amorim
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