UM ATAÚDE DE CHUMBO
Para ter o apoio de Juracy Magalhães, ex-presidente da UDN e governador da Bahia, que ele derrotou fragorosamente na convenção do partido para escolha do candidato à presidência da República, Jânio Quadros convidou o filho, deputado estadual Juracy Magalhães Júnior, para subchefe da Casa Civil, quando vencesse as eleições.
E fez mais. Pediu a Juracy que indicasse o vice de sua chapa, “de preferência do Nordeste”. Juracy poderia ter indicado Magalhães Pinto, presidente da UDN e candidato a governador de Minas contra Tancredo Neves. Ou o governador Cid Sampaio, de Pernambuco, no auge do sucesso. Ou ainda o deputado Aloísio Alves, do Rio Grande do Norte, vice-líder e secretário-geral da UDN, ou o deputado Seixas Dória, de Sergipe, líder da Frente Parlamentar Nacionalista, ambos candidatos a governador, com eleições certas em seus Estados.
Por vingança, Juracy indicou o vetusto ex-governador e senador de Sergipe, Leandro Maciel. Não passou muito tempo, Jânio deu o troco. Mandou um bilhete a Magalhães Pinto renunciando a candidatura, alegando que, com o vice indicado pela UDN, ia perder.
E disse a Carlos Lacerda:
“Não consigo carregar o honrado dr. Leandro Maciel. É muito pesado. É um ataúde de chumbo”.
A UDN jogou Leandro Maciel ao vento e apresentou Milton Campos, que perdeu para João Goulart, companheiro de chapa do marechal Lott, porque Fernando Ferrari, que também apoiava Jânio, dividiu os votos da vice.
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UM LADRÃO
O então governador Cacildo Maldaner, depois senador e presidente do PMDB de Santa Catarina, foi a uma cidade do interior lançar a candidatura de Aníbal, um pastor evangélico do partido, à prefeitura.
A cidade estava agitada. Aníbal havia escolhido para vice o comerciante Vavá, de péssimos antecedentes. Quando o governador subiu ao palanque com Aníbal e Vavá, ouviu vaias de todo canto. Aníbal foi logo para o microfone, abriu uma Bíblia enorme, pesada, suspendeu sobre a cabeça:
- Meus irmãos, hoje acordei resolvido a vir a este comício renunciar à minha candidatura a prefeito, porque nossos adversários andam dizendo que meu vice Vavá é ladrão. Mas, na hora de sair para cá, abri minha Bíblia, que é meu farol, e pedi a Jesus que ele me iluminasse. E ele me iluminou. Está aqui, na Bíblia, a resposta a nossos inimigos. Se Jesus, que era Jesus, o Senhor que tudo sabe e pode, morreu na cruz entre dois ladrões, por que eu, que sou seu mais humilde servo, não posso ser perfeito ao lado de um só?
Aníbal e Vavá ganharam a eleição. O ataúde não era de chumbo.
Para ter o apoio de Juracy Magalhães, ex-presidente da UDN e governador da Bahia, que ele derrotou fragorosamente na convenção do partido para escolha do candidato à presidência da República, Jânio Quadros convidou o filho, deputado estadual Juracy Magalhães Júnior, para subchefe da Casa Civil, quando vencesse as eleições.
E fez mais. Pediu a Juracy que indicasse o vice de sua chapa, “de preferência do Nordeste”. Juracy poderia ter indicado Magalhães Pinto, presidente da UDN e candidato a governador de Minas contra Tancredo Neves. Ou o governador Cid Sampaio, de Pernambuco, no auge do sucesso. Ou ainda o deputado Aloísio Alves, do Rio Grande do Norte, vice-líder e secretário-geral da UDN, ou o deputado Seixas Dória, de Sergipe, líder da Frente Parlamentar Nacionalista, ambos candidatos a governador, com eleições certas em seus Estados.
Por vingança, Juracy indicou o vetusto ex-governador e senador de Sergipe, Leandro Maciel. Não passou muito tempo, Jânio deu o troco. Mandou um bilhete a Magalhães Pinto renunciando a candidatura, alegando que, com o vice indicado pela UDN, ia perder.
E disse a Carlos Lacerda:
“Não consigo carregar o honrado dr. Leandro Maciel. É muito pesado. É um ataúde de chumbo”.
A UDN jogou Leandro Maciel ao vento e apresentou Milton Campos, que perdeu para João Goulart, companheiro de chapa do marechal Lott, porque Fernando Ferrari, que também apoiava Jânio, dividiu os votos da vice.
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UM LADRÃO
O então governador Cacildo Maldaner, depois senador e presidente do PMDB de Santa Catarina, foi a uma cidade do interior lançar a candidatura de Aníbal, um pastor evangélico do partido, à prefeitura.
A cidade estava agitada. Aníbal havia escolhido para vice o comerciante Vavá, de péssimos antecedentes. Quando o governador subiu ao palanque com Aníbal e Vavá, ouviu vaias de todo canto. Aníbal foi logo para o microfone, abriu uma Bíblia enorme, pesada, suspendeu sobre a cabeça:
- Meus irmãos, hoje acordei resolvido a vir a este comício renunciar à minha candidatura a prefeito, porque nossos adversários andam dizendo que meu vice Vavá é ladrão. Mas, na hora de sair para cá, abri minha Bíblia, que é meu farol, e pedi a Jesus que ele me iluminasse. E ele me iluminou. Está aqui, na Bíblia, a resposta a nossos inimigos. Se Jesus, que era Jesus, o Senhor que tudo sabe e pode, morreu na cruz entre dois ladrões, por que eu, que sou seu mais humilde servo, não posso ser perfeito ao lado de um só?
Aníbal e Vavá ganharam a eleição. O ataúde não era de chumbo.
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