Parlamentares de oposição e os chamados 'independentes' discutem nome para enfrentar o peemedebista na eleição para a presidência do Senado
Renan: extenso currículo de deslizes (André Dusek/AE)
A candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado, desde o início questionada devido ao histórico de confusões do parlamentar, ganha ainda mais críticas à medida que novas denúncias surgem a seu respeito.
Reportagem do site de VEJA nesta quinta-feira mostra que Calheiros usava parte da verba indenizatória - benefício que deveria bancar despesas do mandato - para custear a sede do PMDB em Alagoas.
Por mês, cerca de 2 800 reais da do Senado são direcionados para o aluguel do escritório do partido. O beneficiado era o suplente do próprio Renan, Fábio Luiz Farias - que, por sua vez, não declarou o imóvel à Justiça Eleitoral.
Favorito para suceder José Sarney (PMDB-AL), Calheiros foi escolhido pelo PMDB, dono da maior bancada da Casa, e conta com o aval do Palácio do Planalto. Mas, dentro do Senado, parlamentares que integram siglas aliadas demonstram constrangimento em apoiar a eleição dele e tentam lançar um nome alternativo.
Os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) começaram ontem a distribuir um manifesto chamado “Uma nova presidência e um novo rumo ao Senado”.
O documento ataca a candidatura do alagoano e relaciona a perda de credibilidade do parlamento à ineficiência da Casa.
Para Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), por enquanto o único adversário de Calheiros, o uso da verba indenizatória para fins externos ao Senado retrata um exemplo que enfraquece a Casa. No entanto, ele reforça que mais um caso que mancha a imagem do peemedebista não é novidade.
“Só o fato de ele ter renunciado ao posto de presidente já fragiliza sua candidatura diante da opinião pública. Esses novos fatos são consequência desse passado, e mais parecem uma novela que a gente conhece o roteiro”, diz Rodrigues.
"Se for realmente comprovado, é gravíssimo e condenável. O Renan deve prestar esclarecimentos", reforça o senador Agripino Maia (DEM-RN).
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) argumenta que haverá um constrangimento em ter o peemedebista como presidente. Para o parlamentar gaúcho, todos já conhecem o histórico do peemedebista, deixou a cadeira de presidente do Senado em 2007 envolvido em uma profusão de escândalos.
"Todo mundo sabe das denúncias que aconteceram quando ele renunciou à presidência em troca de não ser cassado. No momento em que ele retorna e acontece a mesma coisa, as pessoas voltam com os argumentos que levaram à cassação dele."
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Alternativa - O PSDB ainda tenta convencer um peemedebista dissidente a lançar a candidatura contra Renan. Dessa forma, os tucanos poderiam alegar que seguem respeitando o critério da proporcionalidade, que dá ao PMDB o direito de presidir o Senado. Uma alternativa peemedebista também aumentaria as chances de atrair potenciais eleitores do candidato oficial.
Como a aproximação com Luiz Henrique (SC) e Ricardo Ferraço (ES) falhou, os tucanos conversam com Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos (PE). Pedro Taques seria a terceira opção - e já disse que, com o apoio do PSDB, aceita entrar na disputa.
De qualquer forma, ninguém aposta que Renan será derrotado. A maior vitória da aliança entre oposição e os chamados "senadores independentes" seria obter mais de 20 votos entre os 81 senadores. Nada além disso.
Em 2010, na última disputa pela presidência do Senado, Randolfe Rodrigues obteve 8 votos, contra 70 de José Sarney. Na ocasião, nem mesmo os oposicionistas (que somavam 16 votos) embarcaram na proposta do senador do PSOL.
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17 de janeiro de 2013
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