"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

JUSTIÇA DE JERSEY DETERMINA QUE MALUF DEVOLVA R$ 57,8 MILHÕES A SP

 

Valor refere-se a condenação por desvios nos cofres públicos da capital paulista entre 1997 e 1998

Paulo Maluf, em São Paulo
Foto: Marcos Alves / Agência O Globo
Paulo Maluf, em São PauloMarcos Alves / Agência O Globo

SÃO PAULO - Em sentença, divulgada nesta sexta-feira, a Corte de Jersey, paraíso fiscal britânico, definiu ontem o montante total que terá de ser devolvido pelo deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) à Prefeitura de São Paulo por desvios nos cofres públicos da capital paulista entre 1997 e 1998.
A decisão estipula a devolução de um montante de US$ 28.344.453,84, o que equivale a R$ 57.822.685,83, levando em conta a atual cotação do dólar comercial.
Em novembro, quando foi divulgada a condenação do ex-prefeito de São Paulo, a Corte de Jersey divulgou apenas o valor dos recursos desviados: US$ 10,5 milhões, o equivalente a R$ 21,7 milhões.


O novo valor foi corrigido levando-se em conta o intervalo entre o desvio do dinheiro, fevereiro de 1998, e a data da condenação, novembro de 2012. Sobre a quantia desviada, foi aplicada uma taxa de juros mensal de 1% sobre a taxa básica de juros dos Estados Unidos.

Além desse valor, o deputado federal terá de arcar com os custos da prefeitura de São Paulo com o processo, total que ainda não foi oficialmente calculado. O promotor do Patrimônio Público e Social de São Paulo, Silvio Antônio Marques, responsável pela produção das provas usadas na ação civil pública de improbidade administrativa, estipula que os custos podem chegar a até R$ 9 milhões.

Na sentença, a qual cabe recurso, os magistrados aceitaram a argumentação dos advogados da prefeitura de que as empresas offshores Kildare Finance e Durant International, ligadas a Paulo Maluf e a seu filho, Flávio Maluf, foram usadas como instrumento de lavagem de dinheiro. A rota do desvio de recursos envolvia empresas brasileiras responsáveis pela construção de obras contratadas pela prefeitura paulista, contas em Nova York e pagamento final no Deutsche Bank de Jersey.

O juiz Howard Page escreveu, na decisão, que, embora os recursos tenham sido desviados na época em que Celso Pitta era prefeito, a fraude foi originada na gestão de Paulo Maluf, prefeito entre 1993 e 1996. Os desvios teriam ocorrido na construção da Avenida Água Espraiada, atual Jornalista Roberto Marinho, uma de suas principais obras. A assessoria de imprensa de Paulo Maluf declarou que o deputado federal não é réu e nem parte do processo na Corte de Jersey.

18 de janeiro de 2013
Gustavo Uribe
O Globo


 

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