"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A ORDEM É "SAIR DO ARMÁRIO"


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A navegação é tranquila e o rumo é claro.

O mar subiu um pouco com o julgamento do Mensalão mas os condenados continuam todos não apenas andando por aí nos “resorts” da hora enfiados em calções de banho de US$ 400 a unidade, como promovendo seções públicas de apedrejamento “do Judiciário e da imprensa politizadas” do alto das tribunas das instituições da Republica que o STF os acusou de conspirar para destruir.

Se o povo brasileiro chegar, um dia, a vê-los enjaulados, talvez isso mude alguma coisa.

Mas o fato do Senado e da Câmara terem eleito sem nenhuma resistência outros dois acusados por corrupção, um deles denunciado pelo Ministério Público ao Supremo Tribunal Federal na véspera da votação, indica que, pela avaliação das nossas experientes “excelências”, a jurisprudência firmada, depois de tudo, é a de que nem o STF pode quebrar a impunidade dos donos do poder.
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Bermuda de R$ 600, óculos Prada e a amiga Rose de chapéu
 
Lula puxou a fila com o seu histórico “Eu sou, mas quem não é?” Agora fechou.
A temporada é de “sair do armário” e assumir abertamente as práticas desde sempre praticadas porque, no ponto que já alcançamos, como bem explicou outro dia o presidente de honra do PMDB e vice-presidente da republica petista, Michel Temer, o homem de 5 bilhões de reais, interessa a todos ter na posição que controla a instalação ou não de CPIs e a abertura ou não de processos nos conselhos de ética das duas casas de “representantes do povo”, gente “com sensibilidade” para o mesmo tipo de “problema” que suja a ficha corrida de quase todos os membros do Congresso Nacional.
 
Quem resumiu com perfeição a evolução do quadro em seu ultimo artigo para o Estadão, “300 picaretas e uma pá de cal (aqui), foi Fernando Gabeira, um dos últimos florões da esquerda honesta.
 
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O “frigorífico” que matava “os bois” com que Renan explicou sua fortuna

O Congresso deixa de existir … O mensalão foi o ato inaugural … Em seguida vieram as medidas provisórias … Os parlamentares tomaram carona nesse veículo autoritário. E inserem as medidas mais estapafúrdias no texto das MPs … Ha interesses econômicos diretos por trás de cada uma dessas emendas. A perda de espaço para o Executivo não é o problema desde que os negócios continuem fluindo … o que interessa é o dinheiro … o Congresso é um membro amputado da nossa anatomia democrática”.

Na sexta-feira Dora Kramer se perguntava se isso ainda pode piorar.
Não é que é possível piorar. É quase obrigatório. Essa escada desce para muito além do Inferno, como prova a Argentina.

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Estive lendo o Getúlio, de Lira Neto (aqui), nas últimas duas semanas (livro imprescindível de que voltaremos a falar aqui no Vespeiro) e não fico só nas impressionantes semelhanças com o quadro atual que o autor ressalta desde o prólogo, com a aniquilação moral do Congresso como passo inicial da ditadura.
É bem pior que isso.

Cada Getúlio Vargas traz o seu Lula no ventre. Lula também carrega o seu. É como uma maldição. Uma vez instalado um filtro negativo no topo da hierarquia, só o pior passará para cima, senão pelo mais, pela razão que Michel Temer resumiu tão acacianamente. É um imperativo de sobrevivência.

Se sobrar alguma instituição democrática em pé, a casa inteira estará sempre ameaçada de cair. E estou falando, aqui, no jargão do Tropa de Elite.

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O bode Galeguinho na “costrutora” que Henrique Alves “contratou” por milhões

E quais são as que nos restam?
A imprensa independente em crise de mudança de paradigma tecnológico e a pontinha de cima do Judiciário que ainda manda prender mas não é obedecida. E – vá lá, para os mais otimistas – uma presidente que ainda afirma o valor da imprensa livre e da educação e reage ao menos diante dos flagrantes de “malfeitoria” em seus subordinados.

A próxima carga pela “democratização da mídia” a la Rui Falcão e Franklin Martins já virá do Congresso que elegeu Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves como seus representantes máximos.

Sobre o Judiciário que resta, tanto Lula quanto Roberto Gurgel, o paladino do Ministério Público Federal, sabem – para alegria de um e desespero do outro – é só uma questão de tempo até que ele seja lewandowskizado de cabo a rabo.

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Ha 11 mandatos vivendo e aprendendo Congresso Nacional
 
E a Dilma, concorre à reeleição?
A declaração de ontem de Lula de que “não pretende morrer tossindo na cama; vai para o palanque”, soou como um “sua avó subiu no telhado”…
Seja como for, tudo vai depender dela conseguir ou não reverter o “pibinho”. Se emplacar, terá de enfrentar o neto de Miguel Arraes, Eduardo Campos, já em 2014 e o eleitorado terá de escolher entre o 6 e a meia dúzia. Se tudo que já está armado além da próxima curva na economia desabar antes do prazo, Lula está aí para “salvar a pátria”.
De modo que…

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05 de fevereiro de 2013
vespeiro

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