"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

QUAL É O TIME DE GAROTINHO?


Um ano e meio depois de deixar o governo mergulhado em denúncias de corrupção contra o então ministro dos Transportes e presidente da sigla, senador Alfredo Nascimento (AM), o PR começou 2013 redesenhando os passos para voltar a ter um posto na Esplanada — ou assumir de vez uma postura contrária ao governo Dilma. A primeira cartada foi oficializada com a escolha de Anthony Garotinho (RJ) para liderar a bancada na Câmara.

Colocar Garotinho no posto de líder foi um movimento estratégico. No ano passado, o deputado foi o responsável por adiar a maioria das votações de interesse do Planalto no plenário.
Sempre que discordava de um tema, o parlamentar buscava artifícios regimentais para impedir a sessão ou reunia colegas para obstruir a pauta. Foi assim, principalmente, com o projeto dos royalties do petróleo.
O entendimento de alguns membros da bancada é que a pressão de Garotinho na linha de frente irá acelerar as negociações que Dilma tem feito com a legenda para devolver ao PR um cargo de primeira grandeza no governo.

"Ele é midiático, tem musculatura política, desenvoltura no plenário e o partido está optando por colocar a cara na rua", justifica um membro da agremiação.

Os próprios integrantes do PR, porém, não escondem o medo das ações do deputado fluminense, que pode exagerar no tom e enfraquecer a relação com o Planalto. "A Dilma já sinalizou que nos quer mais perto, então não é hora de bater. Ela está acostumada a lidar com sindicalistas, foi guerrilheira, não sei se ela se encurva a esse tipo de pressão", comenta um dos deputados da sigla.

INIMIGO DE CABRAL

Os temores se ampliam sobre o risco de o novo líder agir como opositor, de olho na disputa pelo governo do Rio de Janeiro, em 2014.
Garotinho é inimigo declarado do governador Sérgio Cabral e prometeu à bancada que não usará o tempo da liderança para fazer suas famosas denúncias contra o governador do Rio e o candidato dele à sucessão, como a "Turma do Guardanapo".
Mas já mostrou as armas. "Vi que é desejo da bancada ir para o governo, vou me despir de qualquer vaidade ou projeto pessoal e trabalhar para irmos para o governo, mas não hesitarei se tivermos que ser oposição", ameaçou após ser eleito.

Na mesma reunião em que oficializou Garotinho na liderança, a bancada do PR deixou mágoas em um deputado histórico. Inocêncio Oliveira (PE) ocupa cargos consecutivos na Mesa Diretora desde 2003, o que lhe rendeu o apelido de "guardanapo — o que está sempre na mesa".
O pernambucano candidatou-se ontem à vaga a que o PR tem direito na estrutura de comando da Câmara, mas perdeu a disputa interna para Maurício Quintella Lessa (AL) por apenas dois votos.
Na distribuição, a legenda acabou ficando com a terceira-secretaria. Como o posto é ocupado hoje pelo próprio Inocêncio, ele não poderia ser reconduzido.

(artigo enviado por Mário Assis)

05 de fevereiro de 2013
Adriana Caitano (Correio Braziliense)

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