O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, transformou numa novela o envio de acusações contra Lula a procuradores que atuam na primeira instância da Justiça em São Paulo. A denúncia é baseada no depoimento que o publicitário Marcos Valério fez em setembro, com uma série de acusações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre elas a de que ele sabia da existência do esquema do mensalão e que até seria sido beneficiado com dinheiro sujo oriundo do esquema.
Semana passada, Gurgel anunciou que enviaria segunda-feira a denúncia, que deve servir de ponto de partida para uma investigação contra o ex-presidente. Como Lula não tem mais foro privilegiado, não pode ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal, e o inquérito será aberto por procuradores da República em São Paulo, pois Lula mora em São Bernardo do Campo.
Segundo a assessoria do procurador-geral da República, não houve motivo específico para o não envio do depoimento na segunda e não há uma data específica para o envio dos papéis. E haja suspense…
DESPESAS PESSOAIS
Valério afirmou que dinheiro do mensalão foi usado para pagar despesas pessoais de Lula, que também teria dado aval para a tomada de empréstimos bancários pelo esquema. Segundo o operador do mensalão, o dinheiro para Lula foi depositado na conta de Freud Godoy, seu ex-secretário pessoal.
Assim que o caso for enviado, os procuradores da República que atuam na primeira instância farão uma avaliação preliminar sobre a necessidade de novas investigações. Se entenderem que o caso deve ser apurado, decidirão abrir inquérito sobre a atuação do ex-presidente no caso do mensalão, que ocorreu nos dois primeiros anos de seu mandato (2003-2010).
Se, por outro lado, avaliarem que as informações prestadas por Valério são fracas, poderão arquivar o caso diretamente. Mas é claro que isso não deve acontecer. Se as acusações de Valério não tivessem consistência, Gurgel já as teria arquivado faz tempo e não se arriscaria em encaminhá-las à Procuradoria em São Paulo. Isso parece óbvio. Ou não, como diz Caetano Veloso.
05 de fevereiro de 2013
Carlos Newton
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