Um dos temas mais interessantes do debate promovido pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso em torno da atualidade do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946) diante da crise financeira que se abate sobre o mundo desde 1998 foi o destaque dado ao lado social de suas teorias, ressaltado pelo ex-ministro Delfim Netto e por Julio Gomes de Almeida, professor da UNICAMP.
Primeiro secretário de política econômica do ministro Guido Mantega, ele foi o orientador da tese de doutorado do economista José Roberto Affonso, cujo primeiro capítulo deu origem ao livro “Keynes, Crise e Política Fiscal”, que estava em discussão. O Instituto Fernando Henrique Cardoso colocou no You Tube (http://bit.ly/YweALT ) somente agora uma edição do debate, que foi fechado a um grupo reduzido de economistas.
Gomes de Almeida citou três pontos que considera essenciais para entender a teoria de Keynes: a socialização dos investimentos, com o Estado como indutor; redistribuição de renda a partir da tributação e a eutanásia do rentista, isto é, fazer com que seja muito difícil viver de sua renda passada e não do seu trabalho. Para Delfim Netto, o resumo seria a busca de uma sociedade mais igualitária, mais preocupada com o bem-estar do cidadão.
“Essas coisas estão lá em Keynes com bastante clareza. Todo mundo tinha que partir do mesmo ponto, uma sociedade de igualdade de oportunidades absoluta. Ele era democrata e republicano”, ressaltou.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lembrou que o contexto em que essas teses foram defendidas era “a formação do estado social, depois da guerra”, e que esse ideal “surge toda vez que vem uma tragédia, como agora”. Para ele, “uma utopia inalcançável, mas que é bom que exista para você tentar se aproximar do modelo ideal”.
Delfim lembrou que esses princípios estão na nossa Constituição, e funcionando. “As instituições são cada vez mais fortes”, segundo Delfim. Ele e Fernando Henrique concordaram que a nossa “é uma boa Constituição, tem lá todo esse ideal igualitário”, inclusive a preocupação com o direito à saúde e à educação, “que é o que ela tem de melhor”, na opinião de Fernando Henrique.
O cientista político Sérgio Fausto colocou a discussão num plano mais ligado à nossa realidade atual do investimento público, lembrando as dificuldades operacionais, questões de controle democrático do investimento como a questão ambiental, e perguntou como é possível ir desamarrando esses investimentos públicos. O economista Roberto Macedo expressou um ceticismo absoluto, inclusive sobre a utilização de parcerias público-privadas, as PPPs.
Delfim disse que as críticas às privatizações são equivocadas por que as taxas de retorno hoje consideradas absurdas só existiram por que o risco Brasil naquela ocasião era de 1400 pontos, e hoje é de 100 pontos. José Roberto Affonso lembrou que o Keynes original defende que situações distintas recebam tratamentos distintos, e que a participação do Estado em situações de grande depressão é para evitar que a situação piore, não é o Estado que vai conseguir tirar o país da recessão.
Para Fernando Henrique Cardoso, o capitalismo sempre vai ter crise, e por isso o Estado tem que estar presente. O que se discute é que tipo de atuação. O ex-ministro Delfim Netto, com sua veia sarcástica ativa naquele dia, disse que tanto Keynes quanto Marx “tiveram o destino de sofrer na mão dos marxistas e dos keynesianos. Se os dois pudessem matar todos os seus seguidores, acho que fariam isso com grande satisfação”.
Para ele, o que o Keynes disse foi que “quando o mundo muda, eu mudo”. O problema a que Keynes se refere é o da confiança, resume Delfim. “Todo nosso sistema, nossas convenções, estão baseados na confiança. É o que controla tudo”. Para Delfim, ninguém inventou a economia de mercado.
O homem saiu da África há milhares de anos e foi procurando meios de construir sua própria subsistência que combinasse com um pouco de liberdade. Para ele, “o homem não nasceu para trabalhar, e tem que encontrar um jeito de viver sua humanidade. A intenção do Keynes é encurtar o tempo do trabalho para liberar o sujeito para viver sua vida”. Por isso, foi um defensor do sistema de proteção social - desde o seguro para o desempregado até a aposentadoria.
Primeiro secretário de política econômica do ministro Guido Mantega, ele foi o orientador da tese de doutorado do economista José Roberto Affonso, cujo primeiro capítulo deu origem ao livro “Keynes, Crise e Política Fiscal”, que estava em discussão. O Instituto Fernando Henrique Cardoso colocou no You Tube (http://bit.ly/YweALT ) somente agora uma edição do debate, que foi fechado a um grupo reduzido de economistas.
Gomes de Almeida citou três pontos que considera essenciais para entender a teoria de Keynes: a socialização dos investimentos, com o Estado como indutor; redistribuição de renda a partir da tributação e a eutanásia do rentista, isto é, fazer com que seja muito difícil viver de sua renda passada e não do seu trabalho. Para Delfim Netto, o resumo seria a busca de uma sociedade mais igualitária, mais preocupada com o bem-estar do cidadão.
“Essas coisas estão lá em Keynes com bastante clareza. Todo mundo tinha que partir do mesmo ponto, uma sociedade de igualdade de oportunidades absoluta. Ele era democrata e republicano”, ressaltou.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lembrou que o contexto em que essas teses foram defendidas era “a formação do estado social, depois da guerra”, e que esse ideal “surge toda vez que vem uma tragédia, como agora”. Para ele, “uma utopia inalcançável, mas que é bom que exista para você tentar se aproximar do modelo ideal”.
Delfim lembrou que esses princípios estão na nossa Constituição, e funcionando. “As instituições são cada vez mais fortes”, segundo Delfim. Ele e Fernando Henrique concordaram que a nossa “é uma boa Constituição, tem lá todo esse ideal igualitário”, inclusive a preocupação com o direito à saúde e à educação, “que é o que ela tem de melhor”, na opinião de Fernando Henrique.
O cientista político Sérgio Fausto colocou a discussão num plano mais ligado à nossa realidade atual do investimento público, lembrando as dificuldades operacionais, questões de controle democrático do investimento como a questão ambiental, e perguntou como é possível ir desamarrando esses investimentos públicos. O economista Roberto Macedo expressou um ceticismo absoluto, inclusive sobre a utilização de parcerias público-privadas, as PPPs.
Delfim disse que as críticas às privatizações são equivocadas por que as taxas de retorno hoje consideradas absurdas só existiram por que o risco Brasil naquela ocasião era de 1400 pontos, e hoje é de 100 pontos. José Roberto Affonso lembrou que o Keynes original defende que situações distintas recebam tratamentos distintos, e que a participação do Estado em situações de grande depressão é para evitar que a situação piore, não é o Estado que vai conseguir tirar o país da recessão.
Para Fernando Henrique Cardoso, o capitalismo sempre vai ter crise, e por isso o Estado tem que estar presente. O que se discute é que tipo de atuação. O ex-ministro Delfim Netto, com sua veia sarcástica ativa naquele dia, disse que tanto Keynes quanto Marx “tiveram o destino de sofrer na mão dos marxistas e dos keynesianos. Se os dois pudessem matar todos os seus seguidores, acho que fariam isso com grande satisfação”.
Para ele, o que o Keynes disse foi que “quando o mundo muda, eu mudo”. O problema a que Keynes se refere é o da confiança, resume Delfim. “Todo nosso sistema, nossas convenções, estão baseados na confiança. É o que controla tudo”. Para Delfim, ninguém inventou a economia de mercado.
O homem saiu da África há milhares de anos e foi procurando meios de construir sua própria subsistência que combinasse com um pouco de liberdade. Para ele, “o homem não nasceu para trabalhar, e tem que encontrar um jeito de viver sua humanidade. A intenção do Keynes é encurtar o tempo do trabalho para liberar o sujeito para viver sua vida”. Por isso, foi um defensor do sistema de proteção social - desde o seguro para o desempregado até a aposentadoria.
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