Uma partida de futebol contém várias controvérsias e inverdades. Apesar de Ronaldinho dizer mil vezes que o primeiro gol contra o São Paulo foi por sorte – prefiro dizer acaso -, que ele estava com sede e que foi pedir água a Rogério Ceni, muitos insistem que tudo foi planejado pelo mágico Cuca, e/ou que o gol foi resultado da malandragem e da experiência de Ronaldinho.
Ronaldinho estava livre, dentro da área, por acaso, por ter sede. Aí, ele e Marcos Rocha (avisado por Tardelli, como mostra a imagem), perceberam rapidamente o lance, facilitados pela distração dos jogadores do São Paulo.
Acaso é diferente de sorte. Diz o Aurélio: “Acaso é o conjunto de pequenas causas independentes entre si, que se prendem a leis ignoradas ou mal conhecidas, e que determinam um acontecimento qualquer”.
Muitas partidas são decididas pelos detalhes técnicos, táticos, físicos, emocionais e pelo imponderável. Ignorar a importância do acaso, no futebol e em nossas vidas, é uma postura prepotente, tecnicista.
RONALDINHO
Independentemente das razões, Ronaldinho brilhou contra o São Paulo. Cada dia mais, acredito que ele vai ser destaque no Atlético por um bom tempo, e cada dia menos, acredito que ele vai brilhar, com regularidade, na seleção.
É óbvio que seleção e clube são diferentes. Mas, no momento atual, isso é mais marcante. Não dá para transportar para a seleção o ambiente, dentro e fora do estádio, e muito menos a maneira sufocante de o Atlético jogar no Independência.
No mesmo raciocínio, não dá para transportar para a seleção, ainda mais contra grandes equipes, o show individual de Neymar no Santos, desvinculado do jogo coletivo.
Há muitos chavões e lendas sobre a história do futebol brasileiro. Este assunto é interminável.
Tenho admiração pelos comentários de Mauro Cezar Pereira, concordo que Ganso não teve vibração ao desistir de tentar desarmar Ronaldinho no segundo gol, mas discordo quando ele diz que Ganso se parece com um jogador do passado. Havia, antigamente, como hoje, jogadores de todos os estilos e de todos os níveis técnicos.
Gerson, pelo posicionamento, Piazza, pela antecipação, Zé Carlos (ex-Cruzeiro e Guarani), pelo talento e força física na disputa da bola, e outros armadores estão entre os melhores marcadores da história do futebol brasileiro, incluindo os de hoje.
ÓTIMA PARTIDA
Contra o São Paulo, o Atlético repetiu suas melhores atuações no Brasileirão e no Independência. Se fosse no Mineirão, as dificuldades do Galo seriam bem maiores.
Pena, já que grandes jogos, como esse, deveriam ser no Mineirão. Foi construído para isso. Dirigentes e administradores do estádio precisam resolver esse dilema. Se for para a final da Libertadores, o Galo não poderá jogar no Independência.
Cuca utilizou muito bem Bernard e Tardelli, alternando os dois de posição. Quando Tardelli estiver melhor fisicamente e descobrir melhor seu lugar em campo, vai crescer, e o Atlético poderá ter um time mais forte que o do ano passado. A grande dificuldade, na Libertadores, serão os jogos fora do Independência. O time precisa encontrar uma solução.
17 de fevereiro de 2013
Tostão (O Tempo)
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