Uma cobertura só comparável àquela das visitas papais está sendo preparada pela mídia conservadora mundial para a chegada ao Brasil, esta segunda-feira, da blogueira cubana Yoani Sanchez.
Desde o falsário, mas ainda influente, jornal espanhol "El País", às grandes redes de TV europeias e americanas, à nossa não menos expressiva TV Globo, e seus respectivos sites na internet, produz-se um aluvião de reportagens,
entrevistas, blogs, crônicas, vídeos, tuítes e posts no Facebook, procurando alçá-la como paladina da liberdade.
Mas que liberdade? A de dar rédea solta a cinco ou seis famílias, que detêm o monopólio da informação, que não admite o contraditório e muito menos o direito de resposta?
Oposicionista profissional???
Seu grande feito, da perspectiva da grande imprensa é o de denunciar a revolução cubana como uma ditadura atroz que impede seus cidadãos de se expressar e locomover, livremente, ainda que ela se jacte da audiência de seu blog, denominado Generación Y, e tenha morado quatro anos na Suíça.
Por esta ação, ela arrebatou os maiores prêmios de jornalismo e literatura do globo, que já lhe teriam rendido uma pequena fortuna de 300 mil dólares. Ela ainda foi nomeada correspondente e porta-voz de jornais do porte de "El País" e do brasileiro "O Estado de S. Paulo".
É também uma das dirigentes da Sociedade Interamericana (dos donos de jornais das três Américas) de Imprensa, a famigerada SIP, fundada sob os auspícios da CIA, na Havana colonizada de 1948. Por sua vez, o blog Generación Y é traduzido simultaneamente para 21 diferentes idiomas.
NADA IMPORTA
Pouco importa que ela e sua família, como ocorre com qualquer habitante da ilha, tenha recebido educação gratuita e de qualidade, do jardim de infância à universidade, além dos custos de alimentação, moradia e transportes subsidiados pelo governo.
Sua pregação está voltada para denegrir o regime cubano e substituí-lo por um regime tão ou mais opressivo, mas comprometido com o grande capital, como o de Fulgencio Batista, apeado do por Fidel, Raul Castro e Che Guevara, anulando as conquistas sociais, científicas e culturais da revolução que fazem de Cuba um dos países com maior índice de desenvolvimento humano do planeta.
A ela não importa o fato de o governo ter de precaver-se contra o brutal bloqueio econômico e os atentados dos Estados Unidos, que incluíram envenenamento dos rios e uso de produtos químicos para exterminar plantações, além das mortes e prejuízos materiais e morais, ao longo dos 54 anos da revolução.
Ela faria tudo por dinheiro, pela fama, ou, quem sabe, um sonho de tornar-se presidenta de uma Cuba recolonizada pelo ressurgimento da Emenda Platt, que agrilhoou o país até a revolução de 1959? Isto é o que dá a entender pela sua pregação, suas companhias, que incluem o mafioso Álvaro Uribe, ex-presidentes da Colômbia, e outros expoentes da direitona latino-americana.
FRAUDES DA BLOGUEIRA
O problema, porém, para a mídia, inclusive, são as contradições da blogueira. Suas manipulações pretéritas, incluindo uma falsa entrevista de sua lavra com o presidente Barak Obama, como revelam documentos do governo americano descobertos pelo Wikileaks, a multiplicação fraudulenta do número seus seguidores no Twitter, a farsa de um atentado que teria sofrido nas ruas de Havana, por parte de seguranças do regime, e o seu próprio feitio arrogante, inibem uma caracterização de heroína para a dissidente cubana.
Estes percalços, entretanto, não deverão tirar o brilho da festa para Yoani, porque a grande imprensa, mesmo desmoralizada pelos "assassinatos" de Fidel Castro e Hugo Chávez, está convencida de que seu arrastão midiático ainda tem o peso de ofuscar qualquer veleidade factual. Mas quem foi que disse que tudo isso não poderá passar de mais um factóide?
(artigo enviado por Sergio Caldieri)
17 de fevereiro de 2013
FC Leite Filho
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