Dilma já voltou, seus ministros estão voltando e o Lula deixa as delícias do litoral de Angra dos Reis neste fim de semana. O governo começa a funcionar, de verdade, na segunda-feira, presumindo-se para os próximos dias uma ida da presidente a São Paulo para acertar os ponteiros com o antecessor.
Apesar da presença incômoda da tal Rosemary, da chantagem de Marcos Valério, dos efeitos explosivos do julgamento do mensalão e das dificuldades de execução do PAC, o ex-presidente ainda permanece como tijolo de sustentação do bloco que exerce o poder. O importante, para aqueles que se abrigam em torno dele, é preservar o equilíbrio de um sistema ainda apoiado na maioria da opinião pública.
Apesar de enfraquecidas, por enquanto continuam estáveis suas estruturas, não obstante a blitz desencadeada pela maioria da mídia, a serviço de interesses ligados ao passado. A falta de planejamento na política energética, por exemplo, vem de muito tempo.
O descalabro na saúde pública é histórico. A retração da economia deve-se a fatores extrínsecos e a corrupção, lamentável porque conduzida pelo partido dominante, não parece diferente daquela praticada antes por seus adversários.
Em suma, dá para continuarem respirando, mesmo o ar rarefeito das alturas onde foram parar por presunção, empáfia e ingenuidade. O que não dá é assistir, ao menos sem protestar, a falta de um projeto diretor, de um plano estratégico para o Brasil. Estamos cada vez mais pondo em risco a segurança e a soberania nacional.
A qualificação necessária para nossa sobrevivência como nação deixou de preocupar os responsáveis pela preservação do poder público, tanto quanto pelos guardiões das instituições da sociedade civil.
Não é diferente dos estabelecimentos públicos o que se passa no universo privado, onde sucedem-se gerações de incompetentes nas empresas familiares, impulsionados pelo nepotismo irresponsável.
A solução, para uns, tem sido aumentar impostos, os mais altos do planeta. Para outros, aproveitar o que resta da riqueza acumulada pelos ancestrais, sem preocupação para com os descentes, muito menos para o conjunto social.
O descaso no cumprimento da lei aumenta em progressão geométrica o numero de marginais de cima e de baixo, dos Cachoeiras aos Eikes e aos Tanuris, até aos narcotraficantes.
O corporativismo atinge instituições centenárias, do Judiciário aos grandes sindicatos. A fraqueza da diplomacia ortodoxa abre lugar à intromissão de corpos estranhos que nem são impulsionados por ideologias, mas, apenas, pela ilusão do poder.
Cedemos a pressões internacionais, geridas pelas nações ricas e suas ONGs, às obtusas, oriundas do sonho da criação de novas ordens mundiais que o passado levou.
Agentes econômicos impõem o estabelecimento de nações indígenas em vez de tribos brasileiras, à espera da falsa independência territorial que fará de um cacique emplumado o presidente de uma “república” submissa a interesses escusos.
A desnacionalização da economia, fracasso superdimensionado nos tempos do sociólogo, permanece a mesma e favorece decisões tomadas além de nossas fronteiras, transformando-nos em permanentes exportadores de matérias primas e importadores não só de manufaturados, mas de ideologias avessas à nossa independência.
Um país que iniciou o ciclo da aviação mundial e inaugurou a exigência da vacina obrigatória, encontra-se à margem da pesquisa cientifica, apenas exportador de cérebros e importador dos produtos de laboratórios farmacêuticos e genéticos que não transferem tecnologia.
Uma infra-estrutura cada vez mais deficiente em matéria de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, reflete-se na fraqueza das Forças Armadas, incapazes de manter o respeito internacional quando há décadas tentamos inutilmente construir um único submarino nuclear.
Fomos sabotados no lançamento de mísseis de terceira classe. Tentamos até agora, sem sucesso, comprar 36 aviões de caça, quando um único porta-aviões, dos 23 que os Estados Unidos possuem, navega com 90 aeronaves de última geração.
Convenhamos, é por aí, pela falta de um projeto nacional, que um dia desses tudo vai desmoronar. Sem culpas exageradas mas sem respostas necessárias.
17 de fevereiro de 2013
Carlos Chagas
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