Nosso Guia vive numa História própria. Já disse que Napoleão foi à China e que Oswaldo Cruz descobriu a vacina da febre amarela. Comparando-se a Abraham Lincoln, informou que “estou lendo” a edição brasileira do livro de Doris Kearns Goodwin e “fico impressionado como a imprensa batia no Lincoln em 1860, igualzinho batia em mim”.
Onde ele leu isso, não se sabe. Em 1860, Lincoln era um azarão na disputa pela indicação do Partido Republicano e foi beneficiado pela atividade de dois jornalistas/empresários metidos em política. (Depois ambos brigaram com ele porque não queriam o fim da escravidão, mas essa é outra história.)
Nessa fase, Lincoln foi poupado, e no livro que Lula disse estar lendo há duas referências da imprensa a Lincoln, ambas elogiosas. Ele acompanhou o resultado da convenção na redação de um jornal.
Durante a campanha e a Guerra Civil, o pau comeu, e os jornais do Sul, bem como os democratas do Norte, chamavam-no de semianalfabeto, “terrorista inculto”, mas esse era o jogo jogado. A imprensa republicana exaltava sua origem humilde, sua simplicidade e a abstinência de fumo e álcool (páginas 75 e 76).
Numa coisa Nosso Guia está inteiramente certo: aliados e adversários subestimaram aquele advogado desengonçado que gostava de contar histórias.
03 de março de 2013
Elio Gaspari, O Globo
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