"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 21 de março de 2013

PETROBRAS VENDERÁ USINAS TÉRMICAS PARA FAZER CAIXA. É A CRISE DE DILMA.

Empresa planeja arrecadar US$ 9,9 bilhões neste ano com repasse de negócios para cumprir plano de investimento. Preferência é por se desafazer de usinas a óleo, de operação mais cara; estatal não se pronuncia oficialmente
 
Oitava maior produtora de energia elétrica do país, a Petrobras quer reduzir sua participação na geração térmica, segundo apurou a Folha, para se concentrar no seu negócio principal: a produção de petróleo e gás natural.

A empresa não comenta oficialmente o assunto. Segundo duas pessoas próximas ao tema, a Petrobras incluiu algumas de suas usinas termelétricas no seu sigiloso Programa de Desinvestimentos (Prodesin), que prevê obter US$ 9,9 bilhões para os cofres da estatal neste ano.

Os recursos vão ajudar a concretizar o Plano de Negócios 2013-2017, divulgado na semana passada, no valor de US$ 236,7 bilhões.

Anteontem, a presidente da estatal, Graça Foster, disse que aumentou o escopo do Prodesin, mas não revelou quais seriam os ativos disponíveis. Ela só informou que a refinaria de Pasadena (EUA), investigada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), saiu da lista de venda.

De acordo com o presidente da Abragef (Associação Brasileira de Geração Flexível), Marco Antônio Veloso, já começaram a surgir rumores entre associados sobre uma possível venda de térmicas da empresa.

"Outro dia me ligou um agente dizendo que teria comprador paras as térmicas da Petrobras, mas só se fosse com venda do controle. Já está havendo um movimento."

Para ele, sempre é época de adquirir bons ativos e a estatal deve conseguir atrair investidores. Segundo suas estimativas, uma térmica a óleo de 100 MW, por exemplo, pode custar entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. "Mas, como já está pronta e operando, ela [a Petrobras] pode pedir um pouco mais."

O processo ainda está no início e não há previsão de quanto poderá ser arrecadado. O foco principal serão as térmicas que não utilizam gás natural, cuja operação é mais onerosa, mas que encontrariam facilmente comprador.

FAZER FILA

"Basta a Petrobras anunciar a venda que vai fazer fila na avenida Chile", diz o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura Adriano Pires, referindo-se ao endereço da sede da Petrobras, no Rio.

As usinas térmicas a gás natural são acionadas antes das a óleo pelo ONS (Operador Nacional do Sistema) por terem custo de operação mais baixo. Desde o fim de 2012, no entanto, todas as usinas térmicas do país estão funcionando em razão dos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas.

Pires diz acreditar que a Petrobras vá vender participações em distribuidoras estaduais de gás natural. Ele afirma que, para obter recursos, a estatal poderia alugar espaços na infraestrutura que tem pelo país, quando não estiver usando, como gasodutos e unidades de regaseificação.

Para o analista Lucas Brendler, da Geração Futuro, "faz todo sentido a venda das térmicas". Ele afirma que o modelo de aquisições da empresa se esgotou e agora é hora de arrumar a casa, para poder investir em produção de petróleo e fazer caixa.

21 de março de 2013
DENISE LUNA - Folha de São Paulo

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