"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 21 de abril de 2013

CADA DIA MAIS DIFÍCIL A POSIÇÃO DOS EUA NO AFEGANISTAÇÃO, ENQUANTO EUA-OTAN CONTINUAM A MATAR CIVIS

 

A matança de civis inocentes, entre os quais mulheres e crianças, em ataques recentes pela Força Internacional de Assistência à Segurança [orig. International Security Assistance Force (ISAF)] comandada pelos EUA-OTAN, contra insurgentes Talibãs, só faz aumentar os sentimentos antiamericanos entre os afegãos e põe sob risco qualquer possibilidade de assinar-se qualquer acordo bilateral de segurança entre Cabul e Washington.




Nos recentes ataques do dia 6/4, na província de Kunar, forças dos EUA-OTAN assassinaram 11 crianças afegãs e feriram seis mulheres. O presidente Hamid Karzai denunciou a matança de civis pela coalizão EUA-OTAN e alertou que os repetidos ataques contra civis afegãos pode ter impacto negativo nas relações entre EUA e Afeganistão.

Declaração emitida pelo gabinete da presidência do Afeganistão diz que Karzai fez saber ao presidente dos EUA Barak Obama de suas graves preocupações com a continuada matança de civis afegãos, e citou especificamente a recente operação militar das forças de EUA-OTAN na província de Kunar.

Karzai disse a Obama que a repetição desse tipo de ação cria impedimentos adicionais à assinatura de qualquer acordo bilateral de segurança, pelo qual os EUA esperam conseguir manter presença militar, embora limitada, no Afeganistão, mesmo depois da retirada de todas as tropas estrangeiras, em 2014.

“Não há dúvidas de que a matança de civis por tropas da coalizão EUA-OTAN tem impacto adverso na percepção, entre os afegãos, de qual é o objetivo das forças estrangeiras no país.
E já está comprometendo a credibilidade de nosso governo, ao qual cabe proteger os cidadãos nessa sempre prolongada guerra ao terror” – disse Pariani Nazari, editor-chefe do jornal afegão Daily Mandegar.

Residentes em Shalton, no distrito de Shigal na província de Kunar, onde as 11 crianças foram mortas, levaram os cadáveres para o centro administrativo do distrito, semana passada. Exigiam que o governo levasse a julgamento os  responsáveis pela carnificina.

ERRO DE ESTRATÉGIA

Karzai tem dito em várias ocasiões que a guerra contra terroristas nas vilas afegãs não é abordagem acertada, dado que, segundo o presidente afegão, os verdadeiros esconderijos e santuários dos Talibãs e outros grupos insurgentes armados não estão em território afegão, mas nas áreas de fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão.
O Paquistão porém negou que haja bases dos Talibã em solo paquistanês.

Em março, o principal porta-voz de Karzai, Aimal Faizy, criticou a guerra ao terror liderada pelos militares de EUA-OTAN no Afeganistão, como “pouco inteligente e sem objetivo claro”; disse também que a maioria dos afegãos querem o fim dos ataques que se fazem como parte daquela “guerra ao terror”.

Ao longo de todo o ano passado, funcionários do Afeganistão e dos EUA tentaram alinhavar um Acordo do Estado das Forças [ing. State of the Forces Agreement, SOFA], até agora sem terem chegado a coisa alguma. Washington insiste em que o acordo assegure plena imunidade aos militares norte-americanos que cometerem crimes de guerra.

21 de abril de 2013
Abdul Haleem (Xinhuanet, Pequim)

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