A imprensa anunciou no início de novembro de 2012 que pelo menos 95 universidades aceitam o exame do ENEM como critério para aprovação de estudantes em busca de uma carreira superior.
Imagino que tal motivo esteja baseado em dois alicerces:
a) Economia para a instituição que deixa de montar um vestibular.
b) Dar credibilidade política ao programa ENEM (que servirá aos palanques em 2014).
Até meados da década de 90, os vestibulares eram preparados com muito rigor devido à baixa quantidade de vagas para enormes glebas de estudantes (tipo 1/100).
Contudo, pela podre estrutura educacional da maioria das prefeituras nacionais (para esconder sua fragilidade até aprovavam alunos com média ZERO no ensino fundamental - hoje ainda exigem que saibam assinar o nome, data de nascimento e somar duas parcelas menores que 10), a quantidade de candidatos despreparados aumentou muito a ponto de sobrarem vagas em muitas carreiras (que já não atraem tanto pelo desrespeitoso salário oferecido).
O despreparo visível de nossos atuais estudantes (basta ver as respostas pavorosas dos últimos ENEMs) revela a acentuada queda de qualidade (proposital) das metodologias de ensino para evitar que possamos abrir as mentes das próximas gerações no sentido de perceberem o quanto nosso povo foi iludido por sucessivos governantes inescrupulosos. E para manterem cheio o celeiro de escravos por 30 níqueis.
Tal queda, na minha visão, deve-se à culpa dos seguintes segmentos:
Governantes = 45% - por desejarem manter as comunidades sob o manto da ignorância desacreditam os audazes Professores com salários pífios e instalações inadequadas. Futuros reprovados que se tornarão escravos dos níqueis.
Professores = 30% - perderam o entusiasmo e se acomodaram nos últimos 30 anos diante deste processo aterrorizante. Pelas mentes brilhantes que possuem, nos surpreendem por não saberem criar uma cruzada cívica (nem regional) para defender a carreira mais importante do país.
Responsáveis pelos herdeiros = 24,5% - por não protestarem contra o futuro programado para seus filhos e deixarem para 3º plano a maior riqueza que se pode oferecer às crianças. Em primeiro plano ficam: seus carros, os sambas, as novelas e os churrascos nos finais de semana. Em 2º plano as academias e as praias. Complementado pelo “cultural” Big Besta Brasil.
Anjos = 0,5% - talvez pelo afastamento do povo numa fé pura, pretendem nos castigar e estão largando as crianças inocentes nas mãos de seus amigos “mouses”, que os transportam para dentro de uma realidade apoiada em bolhas de sonhos que os deixam frustrados quando “acordam” e percebem que precisam respeitar os Professores, precisam arrumar o quarto e tomar banho.
Baseados no “estaputo do menor”, cometem deslizes a título de diversão sem perceberem que estão sendo arrastados para o buraco negro da ignorância que vai lhes oferecer ingresso apenas num mundo desprovido de todas as fantasias exibidas nas telas de LCD.
Dentro de 30 anos vamos nos arrepender desta herança que estamos deixando para eles?
21 de abril de 2013
Haroldo P. Barboza é Professor e Escritor.
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