"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 12 de abril de 2013

DIRCEU E TIRADENTES

 

José Dirceu já estava arcabuzado, quer dizer, não conseguiria evitar sua prisão, por mais embargos e recursos que seus advogados possam produzir no Supremo Tribunal Federal. Muito pior agora, depois da entrevista onde denunciou o ministro Luís Fux como tendo prometido absolvê-lo e depois voltado atrás. Na mais alta corte nacional de justiça é ampla a solidariedade para com o colega.

Prejudicados, pelo menos em teoria, estão os demais condenados no julgamento do mensalão. Já não esperavam grande coisa dessa fase final do processo, mas depois da intervenção de Dirceu, nem pensar. A hora é de começarem a escolher os livros que levarão para a cadeia.



O ex-chefe da Casa Civil está mais para Tiradentes, que depois de enforcado foi esquartejado, mas com a certeza de que nunca se transformará em herói da independência. Sua entrevista careceu de estratégia. Com todo o respeito, foi burra.

Admitia-se para hoje a conclusão do acórdão que ensejará os embargos, com prazo limitado para apresentação, de cinco dias úteis depois de publicado o texto no Diário da Justiça. São 25 os condenados, imaginando-se ao menos 25 embargos que o plenário do Supremo examinará. Tarefa para algumas semanas. Depois, cadeia.

DENÚNCIA NECESSÁRIA

O Procurador Geral da República denunciou o deputado Marco Feliciano junto ao Supremo Tribunal Federal, por crime de injúria. O parlamentar já responde a outro processo, por estelionato. No próprio Congresso muita gente concorda em que, não agindo, o Legislativo deve ser ultrapassado pelo Judiciário.
Na Justiça Eleitoral é comum essa ocupação de espaços vazios, agora também estendendo-se para a área penal. Tivesse a Câmara tomado a iniciativa de afastar o deputado-pastor da presidência da Comissão de Direitos Humanos, pela abertura de processo no Conselho de Ética, talvez Roberto Gurgel não se desse ao trabalho da denúncia.

ATÉ QUANDO?

Até quando Marco Feliciano abusará da paciência não só de seus colegas parlamentares, mas da nação inteira? Não dá para aceitar que em todas as sessões da Comissão de Direitos Humanos o deputado-pastor suspenda os trabalhos por conta da baderna criada por seus adversários e por seus asseclas.
É ele, ou melhor, são suas opiniões, a causa de tudo. Diante da perspectiva de nada se modificar pelas próximas semanas ou meses, melhor ele faria se renunciasse à função que exerce.

PARTIDOS, ADEUS

Sumiram os partidos, nas sessões do Senado onde se debateu a nova distribuição de recursos para os estados. Uniram-se geograficamente adversários antes inconciliáveis, como dividiram-se aliados históricos.
Representantes de estados pobres reivindicavam mais dinheiro e indignavam-se com a possibilidade de perda do que recebem. Os senadores dos estados ricos manifestavam-se da mesma forma. Resultado: Norte e Nordeste contra Sul e Sudeste. O Centro-Oeste dividiu-se…

VAI ESQUECER

O ex-presidente Lula prometeu a um importante líder do PT que não vai mais sugerir a criação de uma Assembléia Constituinte Exclusiva. Pelo menos este ano esquecerá a proposta, que recebe o repúdio geral no Congresso.
Seria o fim tirar mais poder de deputados e senadores já tão enfraquecidos, ainda mais em favor de políticos que não conseguiram eleger-se para a Câmara e o Senado, pois esses serão os candidatos à “exclusiva”…

12 de abril de 2013
Carlos Chagas

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