"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 12 de abril de 2013

CORRUPÇÃO, UMA ENDEMIA UNIVERSAL

 

O Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público, em parceria com diversos outros órgãos, deflagrou ontem uma Operação Nacional contra a Corrupção.

A ação, que visa a cumprir 92 mandados de prisão, 337 mandados de busca e apreensão, 65 mandados de bloqueio de bens, e 20 mandados de afastamento das funções públicas, expedidos pelo Poder Judiciário, mobiliza efetivo de 158 promotores de Justiça e 1.300 policiais federais, rodoviários, civis, militares, servidores de Tribunais de Contas, da Controladoria-Geral da União, da Receita Federal e das Receitas Estaduais em 12 unidades da federação.


A corrupção tem sido uma praga em nosso país. A sociedade não a aceita, e ela deve ser duramente combatida, como tem sido no atual governo, em operações como a deflagrada ontem, com o conhecimento e o aval do Ministério da Justiça.

Os crimes contra os bens públicos não ocorrem apenas no Brasil, por mais que certos cidadãos e meios de comunicação ultra-conservadores insistam em associá-los ao nosso sangue, ao processo lusitano de colonização, ou a pretendido “subdesenvolvimento”, frente a países que se situam, normalmente, acima da linha do Equador.

A corrupção está disseminada por todo o mundo, e, fruto da ganância e do egoísmo, costuma se enraizar mais nas sociedades em que o interesse de uma pequena minoria de privilegiados se sobrepõe, de forma definida e clara, ao interesse dos que vivem de seu trabalho.

NA EUROPA

A crise na Europa – além de desmascarar o livre mercado como paradigma econômico, mostrou a necessidade de maior controle público sobre o sistema financeiro e desnudou a existência de ampla rede de tráfico de influência, ligando partidos, agentes do estado e grandes fortunas surgidas durante os anos noventa, quando muita gente se fez milionária da noite para o dia, enquanto a dívida pública se multiplicava, sem que o cidadão comum percebesse.

Não é por acaso, portanto, que países que estão à beira da quebra, como a Espanha, sejam justamente aqueles em que mais escândalos estão estourando.

O ex-tesoureiro do partido de centro-direita de Mariano Rajoy, Luis Barcenas, acusa diversos figurões do PP de receber, durante anos, dinheiro ilegal. O rei Juan Carlos parece ter coberto de privilégios uma estrangeira, a “princesa” alemã Corinna de Wittgenstein, sua amante conhecida, e que o acompanhou em suas caçadas a elefantes. Ela usa o nome do rei em negócios escusos e, ao que parece, viajava com passaporte diplomático espanhol.

A filha do monarca, a Infanta Cristina, e seu marido, Iñaki Urdangarin, ex-jogador de handebol (a máscara sorridente à esquerda, na foto da manifestação espanhola publicada acima) também acabam de ser acusados de corrupção passiva.

E esta semana, Jordi Pujol Ferrusola, filho do conceituado Jordi Pujol, ex-Presidente da Generalitat da Catalunha, foi acusado de movimentar ilegalmente milhões de euros em bancos de paraísos fiscais, nos últimos 5 anos.

12 de abril de 2013
Mauro Santayana (HD)

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