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Meus colegas libertários podem perguntar porque nascimentos fora do casamento estão relacionados com a destruição do capitalismo. A resposta é simples. O Estado de bem-estar social alimentou essa catástrofe social da orfandade paterna.
Por que o livre mercado está recuando e por que o Estado está sempre avançando? Em tempos passados era óbvio a todos que a única garantia da prosperidade era a liberdade. Hoje as pessoas acreditam que o governo pode resgatar todos da pobreza.
Só que agora o governo está secando a economia até a última gota, pois ele se tornou o grande monstro consumidor que pisoteia o mercado e desmoraliza o investimento. Uma pergunta tem de ser feita: Por que o mercado não conseguiu se defender satisfatoriamente? Acredito que a resposta está no espírito da épica e nas condições que possibilitaram a ascensão desse espírito.
Na parte final do livro The Strange Death of Marxism, de Paul Gottfried, há uma breve explicação sobre o declínio da sociedade de mercado, que logo recai para uma "democracia administrada". Gottfried escreve que "A consolidação de um estado administrativo que apela à ideia de oferecer serviço ao povo por meio de uma gestão 'científica', selou o destino da sociedade a qual ele tomou conta.
O novo regime se apropriou das funções da família vitoriana e passou a mediar as relações entre pais e filhos e de casais em disputa; eventualmente ele passou a presidir uma sociedade de consumidores descuidados e desenraizados."
Deve-se admitir que Gottfried está na pista certa quando ele escreve sobre o "novo regime" que se apropria das funções da família vitoriana. Eis a chave para se entender tudo que está acontecendo nos dias de hoje. Além disso, o novo regime "administrado" teve como seu maior e mais decisivo feito a aniquilação do pai de família. Se alguém duvida do impacto dessa revelação, considere a estatística de 2010 do CDC dizendo que 40.8% de todos os nascimentos provém de mulheres solteiras.
Meus colegas libertários podem perguntar porque nascimentos fora do casamento estão relacionados com a destruição do capitalismo.
A resposta é simples. O Estado de bem-estar social alimentou essa catástrofe social da orfandade paterna. Por conta de o pai não ser mais necessário e o novo regime prometer dar apoio a todos que passarem por necessidades, a sociedade se transformou e o espírito da época já não é mais capitalista.
Ele é agora estadista. E agora, ao invés de milhões de pais tomando conta dos seus filhos e esposas, temos o governo no lugar. Isso é verdade pelo menos em princípio, pois em última análise pode se dizer que todas mulheres têm um verdadeiro e firme esposo. Esse esposo é o Estado.
O capitalismo é um sistema de propriedades, e a paternidade é a fonte permanente da propriedade. Isso está melhor exposto na sábia obra de Stephen Baskerville, cujo artigo recente, "Porquê estamos perdendo a batalha pelo casamento" explica que "o casamento existe para ligar o pai à família".
O casamento, segundo ele, não é uma instituição de gênero neutro. É a propriedade do pai que estabelece a família como unidade econômica e que possibilita a regeneração da função materna. Sem essa propriedade não pode haver capitalismo, propriedade efetiva ou uma firme base para sustentar a economia nacional.
Como mostra Baskerville, onde quer que a paternidade seja descartada ou diminuída, vemos "matriarcados empobrecidos e dominados pela criminalidade e pelas drogas".
Ao fazer o papel de proprietário, o estado se torna pai desses "matriarcados".
De acordo com Baskerville, "sem a autoridade paterna, adolescentes viram selvagens e a sociedade descende ao caos".
Naturalmente, o estado tem um número cada vez maior de razões para intervir na sociedade e, por conseguinte, na economia.
O que muitos defensores do capitalismo não conseguiram entender é que a conexão existente entre a autoridade paterna e o livre mercado.
Eles não conseguiram entender que a erosão do patriarcado significa o surgimento de um estado leviatã (isto é, um governo cujo controle sobre a economia é cada vez maior — o socialismo).
A erosão do patriarcado não é acidente. Ela foi levada a cabo pelas cortes, que por meio de sentenças violaram os direitos de propriedade. Conforme explicado por Baskerville, o divórcio é o primeiro passo na destruição da liberdade:
"Assim como o casamento cria a paternidade, o divórcio deliberadamente a destrói. As cortes de divórcio são, em grande parte, um método para saquear e criminalizar os pais — homens que não são acusados de crime nenhum, porém criminalizados pelos procedimentos que literalmente e legalmente não atribuem culpa alguma a eles."
Baskerville acrescenta que "Com os atuais métodos formulados contra o homem, nenhum em sã consciência irá casar e formar uma família. Nenhuma pressão de um moralista de poltrona [...] será suficiente para persuadir o homem a entrar em um casamento que é sinônimo de [...] expropriação e encarceramento".
Portanto, se voltarmos às colocações de Gottfried as quais ele descreve o atual regime como um estado se apropriado das "funções da família vitoriana", podemos encontrar uma ligação perigosa entra o colapso do livre mercado e o colapso dos lares biparentais.
Dos destroços da instituição familiar, surge agora uma nova ideologia multicultural. Com a família burguesa destruída e a propriedade paterna descartada, não há nada além da administração burocrática dos destroços humanos — das crianças sem pai e das mães necessitadas de apoio estatal.
Uma vez dentro desse regime, diz Gottfried, não há volta. "Os pré-requisitos sociais para um retorno ao passado, mesmo que num sentido limitado, como a volta dos papéis de gênero e um estado de bem-estar social constitucionalmente limitado como era em meados do século XX deixam de existir". O establishment midiático e educacional "alteraram a moralidade social".
Esse último assunto deve ser profundamente entendido antes de entendermos o próximo —e mais devastador — assunto colocado em pauta por Gottfried; nomeadamente, que o novo regime se estabeleceu como moralmente superior ao sistema que ele destruiu, e que essa superioridade moral é baseada na ideia de que a mídia e os educadores estão "libertando" indivíduos oprimidos da intolerância, da ignorância, da desigualdade e das injustiças do patriarcado.
Segundo Gottfried, a Europa está mais susceptível a esse regime do que os Estados Unidos. E se olharmos para a falência da Europa e considerarmos a iminente falência da América, há apenas uma diferença de meses — ou poucos anos — entre o colapso daquele continente e deste país.
Por que o livre mercado está recuando e por que o Estado está sempre avançando? Nós mudamos a sociedade desde as suas fundações. Fizemos isso sem olharmos para o todo. Eis o espírito da época. O que se segue e ó cataclismo da época.
17 de abril de 2013
Jeffrey Nyquist
Publicado no Financial Sense.
Tradução: Leonildo Trombela Júnior
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