O México está bonito na foto e o Brasil aparece feio. Esse é o resumo de uma reportagem publicada nesta quarta-feira em especial do site do jornal Financial Times sobre moedas e investimentos estrangeiros em 2013.
Com o título "Brasil é a projeção no espelho de uma imagem feia do México", o texto repete a tese de que o baixo crescimento da economia ameaça a atratividade do País na disputa por capitais estrangeiros.
Para a reportagem, o governo e o Banco Central "estão mais ou menos" comprometidos com a meta de inflação e o câmbio flutuante.
"Brasil, o original guerreiro cambial acostumado a desencorajar os fluxos de capital durante os anos de boom entre 2009 e 2011, encontra-se agora em um mundo diferente no mercado cambial e no comércio global", diz o texto assinado por Joe Leahy, chefe da sucursal do FT em São Paulo. "O Brasil foi um crítico da política monetária frouxa dos Estados Unidos e outros países desenvolvidos. Isso desencadeou uma enxurrada de dinheiro para o País, fortalecendo a moeda e tornando a indústria nacional menos competitiva. Mas o desafio de longo prazo parece cada vez mais ser como atrair o fluxo de capital estrangeiro ao invés de repeli-lo", diz o jornalista.
Leahy argumenta que os fluxos de capitais para países emergentes devem continuar após o histórico pacote de incentivo anunciado pelo Japão e a manutenção por mais alguns meses das medidas nos Estados Unidos. Nesse ambiente, diz, "aumenta a concorrência entre os países em desenvolvimento para atrair a atenção dos investidores".
"É nesse desfile de beleza que o Brasil, com o crescimento de menos de 1% no ano passado e uma deterioração da conta corrente, está parecendo menos atraente para atrair recursos para portfólio e investimento estrangeiro direto quando comparado a países, como o México, que estão envolvidos em reformas políticas e econômicas", diz a reportagem, que ouviu analistas de instituições financeiras e agências de classificação de risco.
A reportagem reconhece que o Brasil "não enfrenta nenhum tipo de crise", mas acusa as autoridades brasileiras de serem apenas "mais ou menos comprometidas" com dois pilares do tripé macroeconômico: a meta de inflação e o câmbio flutuante. "O País ainda tem uma das maiores reservas mundiais, com cerca de US$ 377 bilhões, um sistema financeiro sólido e um governo e um Banco Central ainda mais ou menos comprometido com a meta de inflação e em manter uma taxa de câmbio flutuante", diz.
Nesse desfile de beleza com o Brasil menos atrativo e o México com cada vez mais fãs, o FT reconhece, porém, que o governo brasileiro tem "uma série de cartas na manga" para tentar reavivar o interesse no mercado nacional. Entre eles, a reportagem cita a possibilidade de alteração de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
17 de abril de 2013
Yolanda Fordelone
Fernando Nakagawa, correspondente da Agência Estado
Leia matéria em inglês aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário