"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 4 de agosto de 2013

"RETOMADA AMERICANA"

Cada vez mais analistas apostam na aceleração substancial da economia americana já em 2014. Nem foi tão imponente o crescimento do primeiro semestre, mas já se constatam requisitos necessários para um desempenho melhor no próximo ano.
 
A dúvida, agora, diz respeito à velocidade da retomada e ao comportamento do Fed, o banco central dos Estados Unidos.
 
A crise financeira parece superada. Depois de longo período, os preços dos imóveis voltam a subir, e a inadimplência retorna aos baixos níveis históricos. Os bancos, que têm boa parte de seus empréstimos garantida por hipotecas, voltaram a ter lucros polpudos. O crédito deverá se expandir.
 
Além disso, como houve grande salto de produtividade, os custos para empresas americanas são muito baixos na comparação com competidores globais. Adicione-se o preço reduzido de energia, por causa da revolução tecnológica do gás de xisto, e tem-se um cenário novamente atrativo para indústrias que haviam deixado o país.
 
Não fosse o aperto das contas públicas, que deve subtrair 1,5 ponto percentual do crescimento, este teria sido ainda maior. Estima-se que, no ano que vem, o efeito desse aperto caia pela metade.
 
Com a economia nesse ritmo, tudo o mais sugere que o Fed, em breve, poderá mesmo diminuir os estímulos ao crescimento. Em outras palavras, o banco central dos EUA deve, num primeiro momento, reduzir a injeção de dinheiro na praça --hoje são US$ 85 bilhões por mês. Depois, em algum momento de 2014, esse tipo de intervenção deve ser interrompida.
 
Trata-se, a partir daí, de saber quando os juros, atualmente perto de zero, começarão a subir.
 
O principal empecilho parece ser o desemprego de 7,4%, ainda alto para os padrões norte-americanos. Faltam 2 milhões de postos de trabalho para o país retomar o nível pré-crise. Além disso, a inflação anual, em torno de 1% (a meta é de 2%), não constitui ameaça. Ao contrário do que ocorre no Brasil, não há, nos Estados Unidos, conflito entre crescimento econômico e alta de preços.
 
Por essa razão, as taxas de juros dificilmente serão modificadas antes de 2015. Quando se trata da maior economia do planeta, contudo, esse horizonte é perto o suficiente para que investidores comecem a redirecionar recursos aos Estados Unidos.
 
Já estão aí os efeitos desse cenário, como a valorização do dólar e a redução da entrada de capitais em países emergentes. Esse processo, vale lembrar, será duradouro.

04 de agosto de 2013
 

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