Está chegando a hora da questão entrar em pauta. Se o Supremo Tribunal Federal reduzir os poderes do Conselho Nacional de Justiça, os tribunais estaduais poderão voltar à prática de antecipar a aposentadoria de magistrados suspeitos para evitar a abertura de processos, evitando que eles sofram qualquer punição, segundo a corregedora do CNJ, ministra Eliana Calmon.
Aposentadoria antes do tempo, com salários integrais e o direito de seguir trabalhando com advogado, não signific a punição alguma. Ao contrário, é um prêmio para os juíizes, desembargadores e ministros corruptos.
É claro que a impunidade em casos de crimes cometidos por juízes tende a aumentar se o poder de investigação do Conselho Nacional de Justiça for restringido. Só quem não vê esta realidade é o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, que insiste em diminuir os poderes do Conselho que é presidido por ele próprio, vejam só quanta desfaçatez.
A verdade é que a ministra Eliana Calmon é um peixe fora d’água, em meio a Judiciário completamente podre e altamente corporativista. Segundo a corregedora do CNJ, pelo menos 54 investigações, muitas contra desembargadores, “estarão absolutamente inutilizadas” se o Supremo decidir que o Conselho só poderá agir se as corregedorias estaduais forem omissas.
Isso é o óbvio. Aliás, o Conselho só existe porque as corregedorias dos tribunais são totalmente omissas e coniventes com os crimes cometidos pelos magistrados, sejam juízes, desembargadores ou membros de tribunais superiores. Como diz o ditado popular, mudam-se os cavalos, mas a cocheira é a mesma.
Como se sabe, o Supremo deve julgar nos próximos dias a ação da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), que defende a redução da competência do Conselho para processar e julgar desvios de magistrados. Mas o Congresso, através do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), já prepara proposta de emenda constitucional para garantir os poderes do CNJ. “Dos 81 senadores, 70 votarão dessa forma [amplos poderes ao CNJ]“, garante Torres.
Será uma sábia decisão do Senado. A ministra Eliana Calmon relata que, ao iniciar o julgamento de qualquer processo contra desembargador, a defesa alega logo que a investigação deveria ter começado na corregedoria local. “Para o processo ser aberto é preciso um quorum mínimo, que é o de maioria absoluta. O corregedor leva o caso ao tribunal. Um [desembargador] se dá por impedido, outro se dá por suspeito, outro não vai à sessão de julgamento. A maioria absoluta não se completa e o processo vai para a prateleira”, denuncia.
Esta é a realidade do Judiciário, o mais importante dos três Podres Poderes (royalties para Caetano Veloso, como diz Helio Fernandes). Se a Justiça realmente funcionasse, a impunidade diminuiria muito e o Executivo e o Legislativo não seriam tão corruptos. Por isso, o Judiciário é o Poder principal e, por isso, que precisa sofrer uma “lavagem terapêutica”. Mas se depender de “juristas” como Cezar Peluso, isso não acontecerá nunca.
Carlos Newton
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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