"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

FGV JÁ HAVIA APONTADO MAZELAS DO SENADO HÁ 14 ANOS

Contratada por Sarney em 95, fundação apontara saídas

O mesmo Sarney prometeu fazer o que não foi feito


Reproduzo o post de Josias Souza(uol) de 05/09, para certificar como o Senado é composto de falastrões, parasitas e desonestos com a coisa pública. E a falta de acompanhamento da imprensa e mídia no cumprimento das ações, privando a sociedade de tomar ciência dos acontecimentos, para que ela se manifeste e também faça a sua parte.

"impossível detectar quando e onde começou a sucessão de erros que vem desordenando a vida administrativa do Senado ao longo de várias legislaturas...”

“...O Senado não se preocupou em se estruturar adequadamente. Gasta muito e mal...”

“...O desperdício é de tal ordem que suas despesas são relativamente superiores às do Congresso norte-americano”.

As três frases acima foram pronunciadas por Renan Calheiros em 1995. O Senado era presidido à época por José Sarney.

Renan coordenava um “Grupo de Trabalho de Reforma e Modernização do Senado”. Ao discursar, manuseava um estudo que a FGV acabara de concluir.

Apontava, em cem folhas, as anomalias administrativas do Senado. Sugeria a adoção de providências urgentes.

Decorridos 14 anos, o Senado está, de novo, sob a presidência de Sarney. É o terceiro mandato dele. Dera as cartas entre 1993 e 1995 e entre 2003 e 2005.

Agora, eleito para manusear o baralho entre 2009 e 2011, submete o Senado a um novo estudo da FGV.


O primeiro, aquele de 1995, custara à Viúva R$ 882 mil, em valores da época. O custo do novo não foi, por ora, divulgado.

O conteúdo é o mesmo: as disfunções da administração do Senado. As soluções recomendadas no novo estudo evocam o diagnóstico do velho.

Renan Calheiros, ele próprio ex-presidente de um Senado cuja degenerescência administrativa descambou para a corrupção, está agora em silêncio.

Deve-se ao líder tucano Arthur Virgílio (AM) a iniciativa de retirar do baú as palavras do Renan de 1995. Ele as rememorou da tribuna.

Virgílio recuperou também as palavras ditas por Sarney ao tomar posse em fevereiro passado. Disse ele:

“Agora, como em 1995, a FGV foi chamada, e o Senador Sarney, no discurso que proferiu na posse do 3º mandato na presidência do Senado, repetiu que ‘foi com o trabalho da FGV que se promoveu uma grande reforma aqui dentro’”.

Virgílio indagou: “Que grande reforma é essa, se nada de substantivo foi feito?”

E acrescentou: “A crise que hoje amarga o Senado havia sido anunciada há exatos 14 anos. Nada se fez. Nem reforma, nem modernização”.

O estudo de 1995 não é o único. Nos últimos cinco anos, disse Virgílio, a FGV “já faturou, em contratos com o Senado, R$ 3,3 milhões”.

Apontou falhas e indicou soluções. “Só que o Senado”, repetiu Virgílio, “permaneceu estático, nada fez, nada mudou, nada modernizou, nada reformou”.

Eis o que concluíra a FGV em 1995: o Senado possuía níveis hierárquicos em demasia.

Havia diretorias frequentemente resumidas a um único indivíduo (o diretor).

Vicejava a superposição de órgãos e funções.

O setor de Recursos Humanos, que agora estrela o noticiário na figura do ex-diretor João Zoghbi, era apontado como principal foco de irregularidades.

Recomendara-se que fosse reformulado o “relacionamento” com a diretoria-geral.

Uma diretoria em que imperou, por 14 anos, o ex-mandachuva Agaciel Maia. Nomeado na primeira presidência de Sarney, também se encontra pendurado nas manchetes.

Ao encerrar o discurso, Virgílio disse: “Estamos diante de uma encruzilhada. Ou reformamos ou fingimos que reformamos...”

“...Se fingirmos que reformamos, nós simplesmente liquidaremos de uma vez a credibilidade da Casa”.

Acrescentou: “Isso aqui não é um playground. Nós temos que dar as respostas que a sociedade exige, e isso impõe responsabilidade a todos”.

O líder tucano disse, de resto, que deseja “a punição dos ladrões que infelicitaram” o Senado.

Insinuou o óbvio: malfeitores e malfeitorias são conhecidos à saciedade. “Está na hora de mais franqueza e de mais verdade por pessoas que conhecem esta Casa...”

Pessoas “...que conhecem quem é quem e que devem usar de uma sinceridade que talvez não esteja sendo total neste momento”.

- Serviço: Pressionando aqui, você chega à página eletrônica em que o discurso de Arthur Virgílio foi noticiado.

Abaixo da foto há a palavra "discurso". Clicando o mouse sobre ela, você chega à íntegra. A peça, por reveladora, vale o desperdício de um naco de tempo.

O estudo que a FGV acaba de entregar ao Senado está disponível aqui em(PDF)

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