"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 26 de fevereiro de 2012

O SAMBA DO PETRALHA DOIDO

Só o espectro do Imponderável pode assustar e atrapalhar o carnaval petralha. O reinado deles, em uma momesca folia de corrupção, ainda não tem previsão exata para acabar. O único medo é que entre na festa o Sobrenatural Petralha. Só o enigmático manipulador da imponderabilidade poderia gerar problemas surpreendentes que atrapalhem os esquemas em vigor e neutralizem ou detonem do poder os gestores do Governo do Crime Organizado.

Quem não chora não mama... Por enquanto, a petralhada segura muito bem a chupeta e mama direitinho. E quem poderia dar uma bola preta nos petralinhas permanece observando, em silêncio obsequioso, tal qual aquele papagaio da piada do português: “Não fala nada, mas presta uma atenção...”. Denúncia de corrupção não derruba mais ninguém. Por aqui, atrás das verdinhas só não vai quem já morreu.

O samba do petralha doido não deve atravessar nem com o tão esperado julgamento do Mensalão. Aliás, tem gente boa apostando que uma poderosa minoria no Supremo Tribunal Federal fará o que puder para que nada seja avaliado em maio deste ano eleitoreiro. No mês das noivas, nos tribunais, apenas se tem como certo o julgamento de outro caso que deixa sempre a petralhada com o dedinho na seringa: o inexplicável assassinato de Celso Daniel, o ex-prefeito de Santo André, que só os irmãos petralha e a boa Velhinha de Taubaté defendem que não foi um crime político, ocorrido no distante ano de 2002.

O juiz Antonio Hristov, da 1.ª Vara da Comarca de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, agendou para o dia 10 de maio o júri popular de cinco réus acusados de envolvimento na morte de Celso Daniel em janeiro de 2002. Serão julgados Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro, Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, Elcyd Oliveira Brito, o Jonh, Itamar Messias Silva dos Santos e José Edison da Silva.

Cabalisticamente, os réus listaram 13 testemunhas para serem ouvidas no julgamento que deve durar uns dois dias. No Tarô, 13 é o número da carta da Morte. Por mera coincidência, 13 também é o número do PT. O companheiro José Sarney, supersticioso até a medula, acredita que o 13 é um número que dá azar.
O campeão Zagalo, octagenário Lobo do nosso futebol, jura que o 13 é seu número da sorte. A turma do chefão Extalinácio deve achar a mesma coisa. O carnaval deles é igual ao baiano: acaba nunca. E eles sonham que se perpetue...

Voltando ao cadáver politicamente insepulto que atravessa o samba petralha, o Ministério Público sustenta que eles foram contratados pelo empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, para matar o “amigo” Celso Daniel. Como o processo de Sombra foi desvinculado dos demais, o caso dele fica para ser julgado mais adiante. O MP defende a tese de que Daniel foi seqüestrado, torturado, seviciado e assassinado porque pretendia acabar com as atividades de uma quadrilha que praticava crimes contra a administração pública em Santo André.

O importante é saber quem realmente mandou matar Daniel – que estava escalado para ser o coordenador de campanha de Lula 2002, lugar que acabou sendo ocupado, com sua morte, por Antônio Palocci Filho. Até que ponto o próprio Daniel não tinha envolvimento no esquema corrupto que saiu do controle em sua cidade? É uma pergunta eternamente sem resposta. A não ser que o Sobrenatural de Santo André ressurja das cinzas para contar algo novo.

Em 2005, Bruno José Daniel Filho, irmão de Celso Daniel, revelou à CPI dos Bingos do Senado que o suposto esquema de Santo André financiava campanhas eleitorais do PT. Será que Daniel foi assassinado porque poderia atrapalhar tal esquema? Pouco provável que este seja realmente o motivo. Ou será que foi eliminado por algum parceiro que não gostou de alguma outra coisa que ele fez? Só o chefão da quadrilha poderia responder. Mas ele também se comporta como o papagaio mudo e verde-oliva da famosa piada sem graça.

Carnaval que segue... Os médicos só deixaram Lula pular em casa. Mas juram que o câncer dele está curado. A politicagem brasileira fabrica milagres. Pode ser que no paciente esteja. Tomara que sim. Já basta termos de agüentar o câncer dos petralhas. Cura tem. Mas quem pode aplicar o remédio – o povo brasileiro - não anda muito afim. Por isso continuaremos sambando por muito tempo. Até o samba do petralha doido atravessar de vez...

A esperança (última que morre) é que a araruta tem seu dia de mingau – pelo menos no samba no Noel Rosa...

Em tempo: Feliz o tempo em que Lalau era apenas apelido e sinônimo de Staninslau Ponte Preta - o Sérgio Porto - autor do Samba do Crioulo Doido...
Hoje, os lalaus estão no Governo do Crime Organizado e não pretendem sair tão cedo...

Jorge Serrão

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