Chineses estão preocupados com uma pena de morte de alto-nível.
É coisa rara para os 500 milhões de internautas na China defenderem os podres de rico. Mas a decisão de um tribunal provincial no dia 18 de janeiro de sentenciar à morte uma das empresárias mais ricas da China criou um incomum derramamento de simpatia. Levou também a críticas sobre um sistema legal que trata cidadãos comuns de uma maneira muito mais dura do que os governantes que cometem erros.
O caso de Wu Ying, 31 anos, condenada por “levantamento ilegal de fundos”, também atiçou o debate sobre as injustiças do sistema econômico chinês. Empresas estatais podem pegar dinheiro emprestado de bancos (também estatais), ao passo que os negócios privados são geralmente deixados à própria sorte em um mercado informal de empréstimo de dinheiro, como o que Wu se aventurou.
As origens e a juventude humilde de Wu, bem como a ausência de provas concretas de que suas atividades tenham causado dano a alguém, exceto possivelmente a alguns ricos investidores, também a ajudaram a angariar a simpatia de um público que se mantém informado por meio de sites de bate-papo na internet.
Ela começou a carreira trabalhando no salão de beleza de uma tia na província costeira de Zhejiang, e foi administrar outros salões de beleza antes de formar um conglomerado, o grupo Bense, com uma ampla gama de interesses, desde imóveis a empréstimos.
Surpreendentemente, em 2006, com apenas 25 anos, ela foi nomeada a sexta mulher mais rica da China pelo Hurun Report, uma pesquisa de patrimônios.
A ascensão extraordinária de Wu é difícil de ser imaginada sem que ela tenha feito alguns negócios duvidosos. Possivelmente as negociações erradas, pois a sua queda foi ainda mais rápida do que a ascensão.
Ela foi presa e sentenciada à morte em 2009 por levantar ilegalmente US$120 milhões em fundos de fontes ilícitas (por exemplo, bancos não-oficiais). Notícias na imprensa chinesa alegaram que Wu deu informações que levaram à prisão de governantes e banqueiros. Alguns se perguntam se a sentença de morte foi uma tentativa de impedir que ela revele mais.
Desde 2007 a China exige que todas as sentenças de morte sejam avaliadas pela Suprema Corte, que agora representa a última chance de absolvição.
No ano passado, o número de crimes capitais foi reduzido pela primeira vez desde 1979.
O número de execuções na China é um segredo de Estado, mas a Fundação Dui Hua, na Califórnia, que promove a melhoria dos direitos na China, estima que tenha caído de cerca de 8 mil em 2007 para 4 mil no ano passado.
O Global Times, um jornal de língua inglesa em Pequim, afirmou que o apoio público à pena de morte por crimes não violentos está caindo, e expressou a esperança de que a Suprema Corte tome a dianteira nesses casos.
Mas duvidou que a opinião pública possa influenciar o que ele ironicamente chamou de “independência judicial” no caso de Wu.
03/02/2012
opinião e notícia
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
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"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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