Mais um lance na chantagem
Pior não fica? Pois ficou, e o Tiririca nada tem ver com a trapalhada. Fala-se da gangorra em que se transformou o governo, através de seus líderes no Congresso. O lance mais recente é trágico, depois de outros terem sido cômicos.
Joseph Blatter veio ao Brasil, encontrou-se com a presidente Dilma, almoçou com o presidente da Câmara e com os líderes oficiais no Congresso, além do ministro dos Esportes e, após anteriores desencontros, ficou acertada a aprovação da exigência da Fifa para a venda de bebidas alcoólicas nos estádios onde se realizarão os jogos. A Lei da Copa seria votada nesses termos na Câmara e no Senado.
O diabo é que menos de uma semana depois da visita do barão do futebol, com direito à presença de Pelé e Ronaldo, reúnem-se os líderes do governo e dos partidos e decidem pela segunda vez retirar do texto do projeto a referência à venda de bebidas alcoólicas. A Fifa que vá negociar com os governadores dos doze estados cujas capitais abrigarão o certame.
É claro que a Fifa não vai. Como também é evidente que essa nova reviravolta deveu-se ao medo do governo de ser derrotado na votação da Lei da Copa, ou seja, não apenas as bancadas evangélicas, mas a massa de descontentes dos partidos da base oficial, votariam para derrotar a proposta pelo simples fato de ser endossada pelo palácio do Planalto.
Ignora-se a reação da presidente Dilma, que ontem passou o dia no Rio, visitando iniciativas federais. Não deve estar satisfeita a primeira-companheira, porque até deputados do PT formam entre os dissidentes empenhados em derrotá-la. Nem adianta falar no PMDB, PDT, PR e outros.
Traduzindo a confusão: deputados e senadores que supostamente apóiam o governo, com dirigentes e líderes à frente, continuam fazendo pressão e chantagem sobre Dilma.
Tem pouca importância se o torcedor poderá ou não tomar o seu copo de cerveja durante as partidas, ainda mais se ficará limitado a uma marca específica da bebida, aquela que patrocina a Fifa. A Copa do Mundo de 2014 tem muito pouco ver com a confronto entre Executivo e Legislativo. Mas risco de M. Blatter indignar-se é grande. E desta vez, com razão. Ou o Brasil não será mesmo um país sério?
###
NÃO ERA ASSIM
Até que Ivo Cassol foi um bom governador de Rondônia, tanto que reeleito. Veio agora para o Senado, mas, pelo jeito, comeu alguma coisa que lhe atrapalhou o raciocínio. Declarou que os políticos são muito mal remunerados e, por isso, interrompeu a votação do projeto que extinguia o décimo-quarto e o décimo-quinto salários de deputados e senadores. Pior de tudo foi o seu argumento: ganham pouco…
###
O PAPEL DO PAPEL
Autor muito pouco citado nos tempos atuais, o presidente Mao costumava dizer que uma folha de papel aceita qualquer coisa. Da poesia mais bonita à mais execrável das bobagens, basta ter um lápis.
José Serra pode ter sido maoísta, nos tempos em que presidiu a União Nacional dos Estudantes, discursou no comício de 13 de março e precisou exilar-se no Chile e nos Estados Unidos para escapar da ditadura. Mas escorregou feio, esta semana, quando declarou que sua promessa não cumprida de completar o mandato na prefeitura de São Paulo foi feita num simples “papelzinho”. Não tinha nada que desculpar-se, abriu mão de ser prefeito para candidatar-se a presidente da República. Se tivesse sido eleito ninguém cobraria dele a iniciativa. Porque perdeu, deveria explicar-se? Agora, papel é papel, se nele estiver a assinatura de qualquer cidadão.
###
TEMPO DÁ, SE HOUVER VONTADE
Silenciam os ministros do Supremo Tribunal Federal diante da nova onda de pessimismo que invadiu prognósticos sobre poderem os réus do mensalão começar a ser julgados em maio. Parece que a dúvida invadiu a mais alta corte nacional de justiça. A sombra da prescrição volta a pairar sobre a Praça dos Três Poderes, despertando alegria no Congresso e indiferença no palácio do Planalto. A impunidade continua impávida.
22 de março de 2012
Carlos Chagas
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário