O comentarista Mario Assis nos envia um texto que faz muito sucesso circulando na internet, de autor desconhecido, sobre a responsabilidade de cada um na formação da sociedade. Se alguém souber o autor, por favor nos informe.
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Político não é uma subespécie geneticamente propensa a desviar verba pública, por exemplo. O político nasceu no mesmo país, foi criado da mesma forma (que eu saiba não tem uma escola toda especial que ensine como ser corrupto para eles frequentarem), e que o próprio povo elegeu, sendo assim o melhor representante deste “a sua imagem e semelhança“.
O problema não é o político ser corrupto, não, mas o político corrupto ter sido eleito pelo povo. O povo que reclama de políticos corruptos.
Você vê a Lei Ficha Limpa. A lei é de iniciativa popular. Mas o que me deixa zureta é que o povo ELEGEU os ficha-suja. Vários! E sabendo que é ficha suja! Se a maioria dos eleitores não são responsáveis na hora de votar, não se pode esperar que os eleitos também o sejam. Os eleitos saem do povo, afinal.
No dia a dia as pessoas fazem 300 mil titicas que julgam “não ter problema”. Grudam chiclete debaixo da mesa, da mesma forma que o político esconde dinheiro debaixo da cueca. Fazem piadinha com judeu, negro, mulher, pobre, japonês, da mesma forma que o político faz piadinha da cara do povo. Jogam papel no chão quando não tem ninguém olhando, da mesma forma que o político desvia um dinheirinho público quando ninguém está fiscalizando.
Riem de defeitos físicos, ridicularizam pessoas pela aparência. Não dizem “por favor”. Não dizem “obrigado”. Não devolvem o que pediram emprestado. Não guardam um segredo. Saem com 2 (ou mais) pessoas ao mesmo tempo, da mesma forma que o político é vaselina e passa na mão de 30 partidos. Traem, da mesma forma que o político não é fiel a nenhum partido ou ideologia. Mentem pra quem confia nelas, da mesma forma que o político mente pros eleitores. Não cumprem promessas, da mesma forma que o político faz promessas que não pode cumprir.
Avançam o sinal, da mesma forma que os políticos julgam não ter problema usar um cartãozinho corporativo ali pra pagar um resort. Joga voto fora ou vota em qualquer um, da mesma forma que parlamentar vota pra proteger alguém.
Não admitem as titicas que fazem no dia a dia e não dão satisfação delas, da mesma forma que os mesmos parlamentares não querem assumir os votos e não dão satisfação pro povo que colocou eles lá.
Fura fila, ludibria, passa a perna, copia trabalho, enrola professor, “dá perdido” em amigo, “dá balão” em namorada, chuta cachorro, faz churrasco de gato, some com a caneta do colega, não se mantêm firmes nas próprias convicções, se corrompem de mil formas diariamente. Discrimina, exclui, enche a cara e faz besteira, justifica a merda que faz com a bebida (mas continua bebendo), bebem e dirigem, se drogam, fazem passeata pela paz mas dão dinheiro pra traficante, arranham um carro, destratam a empregada, não dão boa noite pro porteiro, não agradecem ao motorista por ter parado no ponto pra você porque “não faz mais que a obrigação”.
Depredam patrimônio público, fumam maconha porque não dá nada, picham um muro, rabiscam uma mesa xingando alguém, batem e ofendem – quando em maioria – quem torce pro time adversário, zoa o amigo quando ele não está por perto, fala mal da amiga quando ela dá as costas.
Ontem, o político cometia esses delitos menores, que nem delitos são considerados. “Que mal tem?” é o que a maioria pensa. Agora, que ele pode, ele comete os maiores. “Que mal tem?” é o que ele ainda pensa.
Sabe quando você rouba uma balinha nas Lojas Americanas e enfia dentro do bolso? O político enfia o mensalão dentro da cueca. Ele paga uma tapioca com o dinheiro público, porque é só uma tapioca, não tem problema. Daí pra desviar milhões de um programa social é um passo.
As pessoas são plenamente capazes de vender o próprio corpo por dinheiro, e não me refiro a quando fazem disso uma forma de viver e há uma necessidade, mas mesmo quando não há. Às vezes se vendem tacitamente, em troca de luxo. Imagina então se não são capazes de vender até a alma por um combo de dinheiro+poder.
Você sabe que algo tá muito mal quando o Romário vem sendo uma grata surpresa nesse cenário. E o mais engraçado é que muito se reclama da corrupção nas ruas, mas o que as pessoas fazem sobre isso? Elas demonstram a indignação de alguma forma? Não. Elas reclamam entre si. É tipo fazer fuxico que a Cicrana vive falando mal da Fulana e você não agueeeenta mais essa falsidade, mas tudo que você faz é falar mal da falsa da Cicrana pelas costas, o que não te torna muito diferente dela.
As pessoas “revoltadas” se insurgem da seguinte maneira: Acordam cedo, se despencam até a zona eleitoral e apertam o botão “nulo” ou “branco”. Uau, que revolucionárias. Jogam fora 30 minutos da vida delas e 4 anos da vida política de todo o país achando que tão fazendo o certo, porque não tem nenhuma opção que preste. Não tem mesmo? Ou as pessoas que são acomodadas e não votam nas que prestam, porque “não tem mais jeito”?
Se você é acomodado, não espere que saia de um povo acomodado um político com vontade de mudar o país. Mudar o país dá bem mais trabalho do que pesquisar em quem se vai votar. E mudar o país não depende de só uma pessoa eleita, mas de todas as que elegem.
A sociedade é feita por cada um de nós.
22 de março de 2012
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
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