"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 16 de março de 2012

BLATTER SE ENCONTRA COM DILMA

Em entrevista, deixa claro que entidade pode dar um pé no traseiro do Brasil e fazer a Copa na Inglaterra

Se o Brasil não der um grande vexame na Copa do Mundo de 2014, um dos principais responsáveis será o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke! Ele percebeu tudo com aguda vista! Ao afirmar que as autoridades brasileiras precisavam “se donner un coup de pied aux fesses”, provocou os brios dos brazucas. A tradução errada pode nos ter feito bem. Nem mesmo os franceses, com a sua disposição para explicar em 5 mil palavras o que poderia ser dito em 500, seriam capazes de explicar como alguém conseguiria dar um chute no próprio traseiro, um pé no próprio rabo. Traduzir literalmente a expressão palavra a palavra é uma estupidez.

É claro que se trata de uma expressão idiomática. O problema é que o ministro Aldo Rebelo, que “está tendo de descascar um abacaxi”, coitado!, “has a chip on his shoulder”, entendem? Como? Assim como ele não descasca abacaxis (mas enfrenta problemas) e não tem “uma lasca no ombro” (é um pouco esquentado!), também não foi convidado a dar um chute no próprio traseiro, mas a se mexer, a se mover, a “levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima”, na música imortalizada por Noite Ilustrada. Não se pode dizer que Valcke tenha recorrido a um francês de salão. Mas é verdade que decidiram fazer “tempestade em copo d’água” no Brasil. Acabei me alongando nesse assunto. Voi para O principal.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, esteve com a presidente Dilma. Está selada a paz. Basta o Brasil fazer tudo o que a entidade quer, e não haverá conflitos. O país cede em algumas questões — e nas outras também — e pronto!

Sem chance de haver erro de tradução desta vez, Blatter, sim, ameaçou o país com um pé no traseiro. Depois do encontro com Dilma, afirmou:
“Tem algumas pessoas que dizem que até a Inglaterra poderia sediar essa próxima Copa, mas um país como o Brasil, que é do futebol, que vive e respira futebol… É muito importante haver essa Copa aqui, e temos a certeza de que será um grande evento”.

Entenderam? Ou é como quer a Fifa, incluindo a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, ou a entidade dá um pé no traseiro do Brasil.

E as autoridades brasileiras ficaram e ficarão de bico fechado. Querem saber? Melhor assim! Hora dessa gente toda “se donner un coup de pied aux fesses” e “parar de pisar no próprio saco”. Agora vertam isso para o francês clássico!

16 de março de 2012
Reinaldo Azevedo

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