"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 16 de março de 2012

IDELI NA PRANCHA

A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) passou a ser alvo de setores da base governista descontentes com o Palácio do Planalto.

Senadores e deputados, principalmente do PT e do PMDB, planejam nos bastidores ações para desestabilizar a ministra, que é a responsável pela articulação do Executivo com o Congresso.
Os críticos de Ideli, que é senadora licenciada, reclamam do que chamam de estilo "truculento" e "intransigente" que, segundo eles, tenta impor vontades do governo sem permitir o diálogo.
A ideia desse grupo é colocar na pauta de votações assuntos que não interessam ao governo, além de tentar paralisar o andamento de projetos de seu interesse.

Há nove meses no cargo, Ideli assumiu o ministério prometendo diálogo, acesso ao Planalto, liberação de verbas das emendas ao Orçamento e nomeação de aliados a cargos federais.

O governo, no entanto, fechou o cofre e fez poucas nomeações. Sobre o estilo de Ideli, deputados relatam que nas reuniões para discutir o Código Florestal, por exemplo, ela disse que quer ver o "extrato" da votação para saber quem da base está a favor e contra o governo.

Anteontem, a ministra se reuniu com os partidos aliados. Peemedebistas deixaram o encontro dizendo que não há mais diálogo. "A ministra não pode vir impor a sua vontade. Ela disse que só vota o Código [Florestal] se for do jeito que o governo quer. Se não votar, paramos tudo", disse Sandro Mabel (PMDB-GO).

No Senado, a ameaça são as CPIs. Insatisfeito por não ter emplacado um indicado no comando do Ministério dos Transportes, o PR anunciou que esta na oposição.
Caso isso se concretize -o PR já manifestou antes sinais de independência, mas sem que isso ocorresse na prática-, a oposição contará com 25 dos 81 senadores. CPIs precisam de 27 assinaturas.
"Vamos analisar cada caso. Mas não estamos impedidos de assinar", disse o líder do PR, Blairo Maggi (MT). O anúncio de desembarque foi motivado por uma conversa entre Maggi e Ideli.
Anteontem, ela descartou os nomes apresentados para o Transportes, pasta que era comandada por um dos caciques da legenda, Alfredo Nascimento, que caiu sob suspeita de irregularidades.

Ontem o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), retirou da pauta pedido para recondução de um diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres. Havia temor de nova derrota, como a que impediu Bernardo Figueiredo de se manter na direção-geral da agência.
(Folha de São Paulo)

16 de março de 2012
coroneLeaks

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